Como identificar um “homem feminista”

Na sua roda de amigos provavelmente tem aquele cara politicamente correto, que luta por justiça social e nunca se assume machista. Ele diz ser apoiador das mulheres, mas nunca olha o silenciamento que produz. Além dele não entender nadinha sobre local de fala, é craque número um no mansplaining, ou seja, quer te ensinar sobre feminismo ou outros assuntos que você mulher nunca entenderia. Neste caso, sinto muito. Você conhece um feministo.
Antes de mais nada, é preciso dizer que um homem cis pode sim apoiar campanhas pelos direitos das mulheres. Porém, só pode ser chamado de feminista quem é vítima de machismo, ou seja, as mulheres. Se você quer apoiar as causas feministas e é homem, você pode ser chamado de pró-feminista. Nesse caso, a melhor maneira de lutar contra a desigualdade de gênero é olhar para si mesmo e avaliar os privilégios que tem por ter nascido homem, cis, e em alguns casos, branco. É por isso que um homem pró-feminista não pode usar do poder patriarcal para roubar o local de fala das mulheres e muito menos praticar mansplaining.
Pois bem. O homem feministo é aquele que te atrai com um papinho de igualdade. Mas aí chega no relacionamento e a coisa não é tão igualitária assim. Pode até não ocorrer abuso físico ou psicológico, mas às vezes ele não divide as tarefas de casa. Ou só vê o filho a cada quinze dias quando se divorcia. Ou então quando está namorando, assedia outras mulheres na sua frente. O pior de tudo, é que quando você o confronta sobre algum desses problemas, ele reforça estereótipos machistas e tenta desqualificar os seus argumentos.
O feministo na mídia
Na revista britânica News Statesmen, Penny Laurie discorre sobre os feministos na mídia. Russell Brand, por exemplo, em sua websérie The Trews, usa o humor para educar as pessoas sobre causas sociais. Ele fala sobre os problemas do capitalismo, apoia o casamento gay e as políticas de gênero. Enquanto isso, ele se divorciou de Katy Perry por mensagem de texto e ainda atacou a cantora em seu documentário. Além de ter um longo histórico de objetificação feminina.
A autora também lembra de LeonardoDiCaprio, que no discurso do Oscar diz para “elevar as vozes afogadas pela política da gânancia.” Isso incluiria as mulheres, certo? A pergunta de 1 milhão de dólares é quando Leo vai abandonar a sua preferência por loiras e modelos da Victoria’s Secret para dar “elevar as vozes afogadas” das mulheres fora do padrão.
Aqui no Brasil, temos o clássico exemplo de Dado Dollabela, que após agredir as ex-namoradas Luana Piovani, Eliza Joenck e Viviane Sarahyba, se declarou feminista em uma discussão no Facebook. Deste episódio, surgiram memes clássicos como:
No texto de Sasha Borissenko, na VICE, ela classifica dois tipos de esquerdomachos (basicamente um feministo de esquerda): “O tipo um usa seus valores progressistas exteriores para atrair mulheres, principalmente no reino público das redes sociais, enquanto mantém secretamente valores não tão igualitários assim. O tipo dois vê as mulheres como objetos dispensáveis e as tratam mal para esconder suas inseguranças. Fingindo para o mundo, e até para eles mesmo, que querem libertar os oprimidos d, o mundo, eles ganham uma reputação angelical enquanto continuam confortáveis nas estruturas dominantes do patriarcado. Nos dois casos, é uma combinação de arrogância e empatia por tudo e todos — em seus próprios termos — que define o esquerdomacho.”
A dica que eu dou, meninas, é não se deixe enganar pela barbona, o Tinder com referências à filmes cult, a camisa de flanela e as botas de lenhador. Dificilmente um cara vai ser 100% desconstruído. Até aqueles que são cheios de “intenções nobres”.
Imagens: Pinterest