A esposa do cantor Victor Chaves provou que agressor não tem cara

A esposa do cantor Victor Chaves, da dupla sertaneja Victor e Leo, infelizmente caiu numa triste estatística brasileira: da violência contra a mulher. Nesta sexta-feira, dia 24, foi publicado na internet a notícia de que Poliana Bagatini, que está grávida, foi agredida pelo marido.
Não vale a pena entrarmos em detalhes na história, mas vamos dar um pouco de contexto para falarmos sobre o que queremos expor aqui: a esposa do cantor Victor Chaves explicou para a Polícia Militar de Belo Horizonte, em Minas Gerais, que o músico a jogou no chão e a agrediu com chutes algumas vezes. Poliana tentou deixar a casa em que estava, mas um segurança e a irmã do cantor tentaram impedi-la. Uma vizinha, porém, ouviu os gritos e ajudou a gestante.
A polícia fez um encaminhamento para um exame de corpo delito, mas já se sabe que o músico será investigado e todas as partes, incluindo a própria Poliana, claro, serão ouvidas após o feriado de Carnaval.
[ulp id=”v2eIxIAR3Ob2LsiR”]Tendo esse contexto em mente, o que queríamos falar sobre esse assunto pode ser introduzido com a seguinte pergunta: por que insistimos em manter a violência contra a mulher um segredo? Claro, esse assunto já é muito exposto por aí (inclusive aqui no Superela), mas é um fato que esses crimes ainda são um segredo.
É fácil perceber isso em casos de estupro, em que pouco mais de 30% dos casos são registrados na polícia, de acordo com o 9º Anuário Brasileiro da Segurança Pública. Esse número é muito baixo levando em consideração que por aqui acontecem 1 estupro a cada 11 minutos.
A ligação que fazemos com a história da esposa de Victor Chaves é que duas pessoas tentaram impedir que ela saísse de casa depois da confusão. É impossível assumirmos exatamente o que aconteceu, mas uma interpretação é que, provavelmente, ninguém queria que a história fosse mal-entendida. Ainda mais considerando o envolvimento de uma pessoa pública, que além de músico é um dos jurados do The Voice Kids, reality da Globo.
É comum uma ideia de que atos de violência doméstica são mal-entendidos, são ações espaçadas e únicas, são exceções. ‘Não vai acontecer de novo’. ‘Você entendeu errado’. Mulheres que passaram por relacionamentos abusivos com certeza já ouviram isso antes.
A esposa do cantor Victor Chaves expõe o medo de ser mulher
Poliana está grávida do segundo bebê – ela e o marido têm uma filha, Maria Vitória, de pouco mais de um ano de idade – e precisava pensar na segurança dos filhos além da sua própria. É um caso clássico que prova que não existe um perfil de criminoso: qualquer homem, a qualquer momento, pode se tornar um agressor.
Poliana está muito certa em ir até a delegacia denunciar o marido. Não importa o status dele, a fortuna ou qualquer outra coisa, a sua segurança e de seu bebê vem em primeiro lugar, sempre. Não existe dinheiro o suficiente que valha um trauma como esse.
Pode ser, porém, que a esposa do cantor Victor Chaves esteja em uma posição privilegiada, de alguém que tem respaldo para pedir ajuda e consiga se bancar sozinha, financeiramente falando. Muitas mulheres não têm essa mesma condição e dependem do marido para sobreviver. É, acima de tudo, uma forma de controle emocional, e a pessoa se vê totalmente presa em um relacionamento que faz muito mal – denunciá-lo seria apenas um agravante em um relacionamento já complicado.
Um outro motivo ainda é, infelizmente, a forma como a mulher é vista e julgada em casos como esse. Por mais que vemos claramente que existe um culpado na história, a responsabilidade disso continua sendo da vítima. Terminar relacionamentos abusivos não é fácil por isso, e precisam de um planejamento e, principalmente, de um respaldo profissional (como a ajuda de autoridades ou de psicólogos capacitados).
Mulheres são constantemente responsabilizadas pela violência que sofrem, com argumentos de que elas pediram por isso, que o problema era a roupa que estavam usando o quanto que estavam bebendo, o lugar em que estavam…
Precisamos deixar claro, sempre, que a culpa nunca é da vítima. Isso é resultado de uma cultura machista que vê as mulheres como inferiores e não em pé de igualdade com o sexo oposto. Violência contra mulher precisa ser denunciada, sim (e você pode saber mais sobre isso clicando aqui), porque só assim começamos a expor cada vez mais e a incentivar uma mudança de mentalidade que, no futuro, pode reverter completamente as estatísticas. Ao mesmo tempo, faça isso com segurança e prezando sempre pela sua vida e dos seus filhos (se você os tiver). Não tenha medo de pedir ajuda e lembre-se sempre que juntas somos mais fortes.
Imagem: Instagram/Victor Chaves