Gordofobia pode matar: precisamos falar sobre Amanda

Amanda Rodrigues era uma menina como todas as outras. Tinha sonhos, gostos e, principalmente, queria se sentir bonita. Porém, ao contrário de muitas de nós, ela não vai conseguir conquistar nada do que sempre sonhou – tudo por causa de uma palavra que é tão feia quanto suas ações: gordofobia.
Você deve ter visto o post sobre Amanda no Facebook, em que sua irmã conta a sua história e a relação que ela teve com a gordofobia ao longo do tempo. Amanda desde cedo tinha uma questão com o seu peso, sofreu bullying e por muitos anos não se sentia bonita. Foi rejeitada por amigos e familiares e tinha receio que as pessoas rissem dela o tempo inteiro. Amanda decidiu fazer a cirurgia de redução de estômago, mas, dias depois da operação, morreu de embolia pulmonar, o seu histórico de trombose familiar aparentemente esquecido.
Infelizmente, Amanda entrou para as estatísticas. De tantas mulheres que morrem porque não conseguem se adaptar a um padrão de beleza tão defendido pela mídia, da ditadura da magreza que coloca as mulheres que vestem 40 em um estado de alerta constante a respeito do seu peso.
Desde novas, somos ensinadas que, como mulheres, precisamos ser magras, altas e bonitas. Não podemos ser inteligentes demais, falantes demais, independentes demais. Temos que saber seduzir e manter o homem feliz na cama. Não podemos transar demais nem de menos. Mas, principalmente, precisamos ficar sempre de olho no nosso peso. Os homens gostam das mulheres magras, como as modelos.
É aí que nasce a gordofobia. Quando ouvimos, de novo e de novo que o magro é bonito, automaticamente criamos na mente uma ideia de que o que não é magro é feio. Ou seja, é normal as mulheres plus-size ou que estão pelo menos um pouco acima do peso, terem um problema sério de autoestima baixa e travarem uma briga eterna contra a balança.
Aqui no Superela, a gente tenta ao máximo defender a aceitação do corpo: todas as mulheres são livres para terem o corpo que quiserem e a se sentirem lindas, sempre. Peso não é sinônimo de saúde, e já tivemos exemplos incríveis disso, sendo Mc Carol uma das mulheres brasileiras que levanta, com orgulho, essa bandeira.
Em momentos como esse o trabalho de mulheres que lutam contra a gordofobia se torna tão importante. Ju Romano, por exemplo, fez história ao ser a primeira mulher gorda a posar para a Playboy brasileira e acabou abrindo o precedente que levou uma mulher como ela para a capa da publicação.
Ashley Graham é modelo, é gorda e tem orgulho das suas curvas. Ela quer acabar com o termo plus-size porque acredita que mulheres não devem ser divididas em rótulos e faz o possível para incentivar as mulheres a amarem os próprios corpos. É um trabalho diário que, com certeza, já ajudou milhares de meninas.
Poderíamos citar milhares de exemplos de mulheres que foram vítimas da gordofobia e saíram por cima, mostraram que é muito mais bonito a gente amar o próprio corpo do que ficar em busca de um padrão irreal. Porém, a gente sabe também que, infelizmente, é impossível mudar a cabeça das pessoas, a não ser que elas mesmas queiram mudar.
Amanda, se pudermos te mandar apenas um recado, onde quer que você esteja, é que você é linda e você foi amada. Para todas as outras Amandas, Jus Romanos, Ashleys Grahams e tantas outras, o que podemos dizer é: força! Não se inspire no que dizem as revistas e as publicidades, os desfiles de moda. Busque inspiração em mulheres que são como você, igualmente incríveis e, mais do que isso, busque em você mesma o lugar que sabe que é feliz, independentemente do número na balança.
Imagem: Reprodução