[+18] SOU SUA

Hoje quero trazer aqui um verdadeiro conto erótico. Aqueles que vão crescendo e, a cada palavra, povoando a imaginação do leitor com fantasias. Personificando-se, criam vida no imaginário de quem lê e no corpo de quem sente.

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Enquanto imagina aquela cena descrita com requintes, a vulva se umedece e o pênis se retesa. Se lido em lugar público, o leitor engole seco e olha para o lado para ver se quem está ali não percebe aquela cena tão sexual e profunda.

Ajeita-se na cadeira como que pego em flagrante. Cruza-se a perna, esconde-se a leitura, verifica-se se não ruborizou. Será que o olhar não está muito lânguido e trai o torvelinho de sentidos que se embaraçam no abraço forte e no beijo doce e úmido?

Teria capacidade de agora passar isto a todos que lerão estas breves linhas? Então, tinha que escrever com a máxima intensidade e, para isso, queria saber quem era o meu leitor e como chegaria a ele.

Comecei a perguntar.

As perguntas, difíceis no início, crescem na intensidade e aos poucos, meu entrevistado vai dizendo o que quer ler. O que realmente é erótico e faz mexer com ele.

Achei que aí teria a mina de ouro e o segredo do conto erótico que refugisse apenas a um conjunto de passos para uma relação sexual.

Mas que coisa!

PARTICIPE: O que faço para deixar de pensar tanto em sexo?
PARTICIPE: Quero ter um p.a. me deem dicas?

Os relatos são tão díspares: aqui o homem entusiasma-se em excesso com o pé delicado e descalço. Ali ela deseja um homem negro, alto forte e desconhecido. Tem o que aprecia a orgia. Outro o onanismo diante de uma fantasia.

Continuo. Quero duas mulheres. Quero dois homens. Quero bater. Quero vestir-me de prostituta. Quero que o vizinho me veja. Quero agarrar um pênis sem rosto por um buraco na parede. Quero o total escuro. Quero o sol do meio-dia. A praia. O campo. O cavalo. Sobre ele e depois com ele. Permito-me não querer mais nada…

Que diversidade! O que há em comum disso tudo que eu possa escrever e todos digam “que erótico!”? Minha pena corre de lá para cá e coisas que me deixam cálida soam como memorandos comerciais para você. O que vou escrever?

Onde está você, Deus Eros, para me inspirar em erotismo e fantasia? Te procuro e enquanto te acho, perco-o em seguida. Perco o leitor que está logo alí próximo e conquisto o leitor de Cingapura. Sossego-me.

Um banho frio ajuda. O que há em comum entre todos? Sim, há algo em comum. Há a vontade clara de sentir prazer. Prazer forte, adequado às suas fantasias e desejos. Descubro, então, que há literatura erótica, bem como gêneros de filmes dispostos numa antiga locadora.

Cada um vai lá e pega o que quer e, no fim, o objeto é o mesmo: ter prazer. Orgasmo. Fantasia. E, por que não, até amor. Desejo de fazer aquilo com aquele e a tepidez do toque cresce. As palavras, dissonantes a uns, tornam-se soantes a todos.

Algo sobe, único e isolado dentro de cada um. Ela se deita imaginando o príncipe da afetividade enquanto ele deseja a mais chula prostituta sem rosto. Que maravilha a diversidade.

Que nuances deliciosos o prazer, o amor, a própria sexualidade. Então, nessa descoberta, vejo-me molhada, desejando e vendo olhares de desejo em torno de mim. Torno-me, então, erótica, em passar ao sado, à dor; ao exibicionista, o voyer e à princesa, seu sapo.

Cheguei ao êxtase e com ele levei todos nós, na imaginação que o erótico viria e acabou vindo, num conto para ficar, e nos fazer humanos, com muito, mas muito prazer. Sou sua!

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