A liquidez nas relações
Todos os meus textos são baseados em uma autorreflexão, com esse não seria diferente né?
Obtive muitas realizações pessoais em 2020 apesar de todas as barreiras enfrentadas, que convenhamos foram muitas. Foi um ano de grandes perdas, acho que a balança da vida funciona nesse ritmo constante, a mesma porta que anuncia a chegada também se torna a porta que anuncia a partida.
E no final o que realmente permanece é o aprendizado de cada situação enfrentada e as marcas dos momentos vividos, esses são os tijolos do caminho que está em construção.
Sei que é difícil olhar uma situação ruim por uma boa perspectiva, todo esse papo motivacional sempre me fez revirar os olhos, porém com o tempo e com as dificuldades chegamos frente a uma encruzilhada e temos duas alternativas:
A primeira encarar os problemas de frente, enxergar os erros e assumir a sua parcela de culpa, aprender e tirar boas lições, pois quando abraçamos nossas falhas e reconhecemos os nossos acertos consequentemente evoluímos, nos tornamos mais fortes é assim que o caráter é construído, é assim que amadurecemos e consequentemente é assim que evoluímos.
A segunda alternativa é reclamar do problema, chorar pela perda, desistir do percurso, se culpar pelas falhas e não abraçar o aprendizado e a possibilidade de mudança que, com certeza, pode parecer o caminho mais fácil naquele momento, mas a longo prazo se torna uma tortura.
Desistir se tornou o caminho mais fácil e enfrentar as dificuldades o caminho mais difícil, poucos possuem coragem para tanto, a vida é sobre esgotar as possibilidades e não entregar os pontos com facilidade, mas tudo isso se tornou somente texto motivacional perdido na internet.
Vivemos em tempos líquidos nada é para durar?
Vez ou outra penso no conceito de Zygmunt Bauman sobre o amor liquido, em que ele fala sobre a fragilidade das relações humanas, vivemos sem estabelecer vínculos duradouros, as relações são apresentadas como produtos que podem ser facilmente substituídos sem responsabilidade, são pautadas como uma mera conexão facilmente desconectáveis.
Hoje os relacionamentos escorrem por entre os dedos, qualidade é compensada com quantidade, há desejo em vivenciar o afeto, porém sem compromisso para que os laços sejam mantidos, vivemos a era do desapego que não esta ligado somente aos bens materiais, mas também comprometeu nossas relações afetivas.
Nos primeiros desafios costumamos optar pelo mais fácil.
Mas devemos quebrar paradigmas, não é fácil na prática a luta é desafiadora mas antes de desistir devemos nos dar a chance de persistir, quem nunca saiu de uma relação pensando que poderia ter feito mais, que poderia ter se dedicado mais ou lidado de forma diferente com determinada situação. Acredito que a persistência é valida desde que seja respeitado os seus próprios limites e o autoconhecimento é a chave para saber até onde pode-se chegar.