A luta e a dor de ser mulher
Acredito que você esteja lendo esse texto porque provavelmente achou o título chamativo demais, afinal: “Como assim luta e dor de ser mulher? Todos temos problemas e dores”. Exato! Mas já parou pra pensar que mulheres sofrem algo chamado violência de gênero? Isso mesmo, segundo a OMS, 1 em cada 3 mulheres no mundo já sofreram violência física ou sexual.
A definição de violência de gênero é: “Qualquer tipo de agressão física, psicológica, sexual ou simbólica, contra alguém em desvantagem numa situação de vulnerabilidade devido sua identidade de gênero ou orientação sexual.”
Infelizmente não é necessário pensar muito para se lembrar da desigualdade de gênero em nossa sociedade, ela está presente no âmbito profissional, quando por exemplo recebemos até 30% a menos que nossos colegas de trabalho homens pelo simples fato de um dia podermos gerar uma vida, pessoal, e até mesmo em relacionamentos amorosos, o que muitas vezes acontece em relacionamentos abusivos.
Em grande parte da nossa vida, estamos associadas a delicadeza, ‘feminices’, maquiagens etc. Como se a mulher não tivesse muita liberdade de escolha para ser exatamente quem é!
Quem não se lembra de Amélia? A mulher aguentava qualquer coisa. Ou até mesmo de frases como ‘Bela, recatada e do lar’, olha a sociedade tentando encaixar a gente em caixinhas de novo. E eu já falei disso nesse artigo aqui.
Já bem dizia a IZA: “Ser mulher é difícil pra caramba, a gente tem que pensar mil vezes com que roupa a gente vai sair de casa, mas não por questões nossas e sim por segurança. Tudo o que a gente faz está condicionado ao que o outro vai pensar. A gente passa por provações o tempo inteiro e quando uma mulher canta para outra ‘inimiga, recalque e competição’ isso só piora.”
É também por isso que costumo dizer que a sororidade é uma sorte das novas gerações, visto que se você tem 20 anos ou mais, provavelmente em sua infância você subliminarmente ensinada a odiar garotas que não fossem do seu grupo de amigas.
Aliás, por que isso? Caso alguém tenha a resposta, me ajudaria bastante.
Isso implicava em extremas questões internas, como por exemplo: na minha época de escola tinha um grupo de meninas da minha sala não gostava muito de mim e da ‘minha turminha’, e constantemente faziam ‘ataques’ a nós, falando de nossa aparência, ou peso, estatura.
Eu já tinha mil e umas questões internas por conta de todas as capas de revista em que eu via apenas mulheres magras e belas, o resultado foi uma grande crise existencial de autoimagem, eu desenvolvi um problema gigantesco na minha mente que eu apenas seria feliz se eu fosse magra, vivi infeliz com a minha aparência por anos. Bom, mas isso conto para outro artigo. O foco aqui é que percebe como a violência esteve tão enraizada em nossas gerações?
O fato é, ser mulher é difícil para caramba!
Não seja sozinha, tenha muitas amigas, seja magra, use salto, faça a sobrancelha, fale apenas quando permitida. São coisas que costumamos ouvir durante nossa vida.
E falando nisso você sabia que durante muitos anos não poderíamos ter um simples CPF? Isso mesmo. Precisávamos de permissão para tudo.
A violência está aí. Não vê quem não quer.
Na verdade, estamos dando pequenos passos para a igualdade, há trabalhos incríveis que dão voz a mulheres em muitas situações, como por exemplo o CEMP.
As meninas da CEMP produziram um especial para o dia 8 de março contando histórias reais de mulheres que sofreram violência de gênero. A Central das Mulheres quer dar voz para mulheres que sofreram estas violências. São relatos anônimos lidos pela equipe da Agência io! e do Centro de Estudos Maria Padilha – CEMP é um web documentário com 8 vídeos.
Ações como essa são extremamente importantes para sua comunidade local, trabalhos como esse levam informações a mulheres e as acolhem. Isso muda o mundo, e você o que faz para mudar o mundo?
Imagem: Pexels