Como duas amigas de corpos diferentes provaram que a competição acaba com a sororidade
Marcela De Mingo . 21/03/2017 Você com certeza conhece mulheres que tem silhuetas bem diversas. Se você vive no mundo, se anda por aí e se conversa com pessoas variadas, com certeza sabe que não existem duas pessoas com o mesmo corpo. Isso não muda entre as mulheres. Porém, duas amigas de corpos diferentes mostram que ainda existem pessoas que julgam as outras pelo seu corpo e decidiram dar a melhor resposta aos haters.
Kate Wasley e Georgia Gibbs são amigas de corpos diferentes que convivem juntas há muitos anos. A única diferença entre elas é que elas não vestem o mesmo manequim: uma é mais magrinha e a outra é totalmente curvy. Até aí, tudo bem.
Porém, acontece que as duas acabaram sendo muito criticadas justamente por causa dessa diferença. Em uma imagem publicada no Instagram, muitas pessoas comentaram que Georgia tinha usado Photoshop para se fazer parecer mais magra ou para fazer Kate parecer maior – e assim ‘sair melhor na fita’.
Chateadas com a repercussão da imagem, que viralizou online, as duas amigas de corpos diferentes decidiram criar uma conta no Instagram para lutar contra o body shamming: essa cultura de criticar corpos e mulheres dentro e fora da internet.
Agora com mais de 94 mil seguidores, o perfil @any.body_co tem como objetivo defender a aceitação corporal e promover uma visão mais saudável das amizades femininas. O foco de Kate e Georgia é promover um ambiente em que as mulheres não se comparem mais umas com as outras.
Porque a comparação é o alvo das amigas de corpos diferentes
A verdade é que o único problema em termos amigas de corpos diferentes do nosso é que nós usamos isso como uma desculpa para nos compararmos. Sempre tem alguém que está melhor ou pior do que a gente e é muito comum cairmos naquele problema de usar o peso como um balizador: quem está mais magra está obviamente melhor e a pessoa mais gorda precisa emagrecer.
Peso não tem nada a ver com saúde e Kate e Georgia mostram isso muito bem. As duas, apesar da diferença na balança, usaram algo que poderia afastá-las para uni-las: elas querem continuar melhores amigas e não querem que essa questão seja um divisor, um muro, entre elas.
A comparação nos mata aos poucos porque diminui: ela coloca alguém sempre como superior, e normalmente é alguém que está constantemente no padrão de beleza ou mais próximo dele do que nós. Porém, os padrões de beleza já mostraram que não tem não representam a maioria da população e que estar de acordo com esse padrão não é um sinônimo de felicidade.
Sororidade é quando mulheres se unem e se apoiam mutuamente e aproveitam os momentos que têm juntas para se tornarem mais próximas e acabarem com os julgamentos entre si – e não o contrário. Promover a continuidade desse julgamento e desse pensamento só reforça uma cultura machista e muito limitada.
Que todas as amizades se inspirem na de Kate e Georgia, que provavam que é possível amigas de corpos diferentes se importarem com tudo, menos com o número na balança.
Imagem: Instagram/@any.body_co