Amor-próprio: é preciso coragem para se amar
Amor-próprio é o sentimento de estima, admiração e aceitação que um indivíduo nutre por ele mesmo. Mas como cultivar o amor-próprio?
Quem já passou por um término de relacionamento doloroso já deve ter cansado de ouvir que precisa ter um pouco de amor-próprio para esquecer o(a) ex e recomeçar. Eu ouvi isso muitas vezes na vida, especialmente em 2018, quando me divorciei de um casamento de quase 15 anos.
Só que essa história de amor-próprio não fazia muito sentido pra mim.
Eu me sentia fracassada e, com minha autoestima destruída, eu simplesmente não conseguia gostar de nada naquela mulher cheia de culpa e medo que eu via no espelho. Pode ser que você esteja numa situação parecida agora, por isso eu abro minha coluna aqui no Superela dividindo com você o que eu aprendi sobre amor-próprio.
O caminho do autoamor e do autocuidado foi o primeiro a ser percorrido por mim depois daquele tsunami emocional que varreu completamente minha vida e meus sonhos. A história, que envolve traições e quatro abortos, é tão longa que rendeu um livro “Te mando flores da Grécia”, sobre o qual você pode ter mais informações no meu Instagram.
O fato é que, daquela vez, eu queria recomeçar minha vida do jeito certo, e a única felicidade possível é aquela que começa e depende exclusivamente de nós mesmas.
Em fevereiro de 2018, depois de emagrecer seis quilos em menos de 30 dias, eu continuava sem fome. Porém, depois de sofrer uma queda de pressão na fila do banco, eu reconheci que eu mesma estava me maltratando. Era bastante tentador usar isso para dramatizar ainda mais minha situação de vítima.
Mas eu já tinha um pouco de consciência sobre autorresponsabilidade e, naquele momento, sabia que não dava para culpar o divórcio ou meu ex-marido caso eu realmente ficasse doente. Me alimentar era uma escolha minha e eu não podia ignorar minha responsabilidade nisso. Afinal, ninguém iria enfiar comida à força boca de uma mulher de 36 anos.
Depois de muitos meses, quando eu já havia superado toda aquela dor, eu olhei para trás e pude ver que, comer pelo menos um pouquinho todos os dias, mesmo que sem fome, foi um ato de amor-próprio. Eu não tinha vontade, mas eu sabia que era necessário e que me faria bem.
Eu não estou pedindo que você se apaixone perdidamente por você mesma agora. Por experiência própria, – lá em 2018, eu também não estava morrendo de amores por mim – eu sei que isso pode levar tempo e vai acontecer aos poucos. Posso adiantar que o processo vai ser lindo!
Exercite seu amor-próprio!

Eu te convido hoje a fazer algo significativo por você mesma. Primeiro pegue caneta e papel e escreva tudo o que você acredita que pode ajudar a melhorar sua vida de alguma forma hoje. Mas atenção, nesta lista só podem ter coisas que dependam única e exclusivamente de você.
Agendar aquela consulta com a psicóloga, por exemplo, é algo que você mesma pode fazer, basta dar um telefonema. Deixar o preconceito de lado e visitar um psiquiatra também pode constar na sua lista, caso você suspeite que esteja com sintomas de ansiedade ou depressão.
Sua lista ainda pode conter coisas simples: parar de procrastinar aquela caminhada diária que vai oxigenar seu corpo e seu cérebro, te ajudando a pensar com mais clareza; beber mais água. Tavez procurar uma nutricionista para cuidar melhor da sua alimentação. Você sabe o que precisa ser feito. Faça um compromisso de amor com você mesma.
Comece devagar: escolha um item da sua lista e decida colocá-lo em prática hoje. Perceba que todas essas tarefas guardam um ato de autocuidado. Permita-se ser amada e cuidada por você mesma. Não é fácil no começo, mas é possível e eu garanto que vale a pena. É preciso coragem para se amar.