Como anda a mulher gorda atualmente?

Oi poderosas do Superela! Recebi de uma seguidora uma pauta inteligente a ser desenvolvida sobre a mulher gorda em diferentes âmbitos da vida.
Pesquisei bastante, ouvi outras pessoas, outras ideias e com base em tudo isso, construí esse post pra gente refletir junto. O objetivo é mostrar a vocês qual o cenário atual da mulher gorda no mercado de trabalho, relacionamentos, lugares, sociedade, homens e elas por elas.
Quem é a mulher gorda da próxima década?
1. Relacionamentos
Em uma rápida pesquisa descobri que meus seguidores são absolutamente desprendidos de padrões e, ao se relacionarem com alguém, percebem várias coisas antes de um corpo perfeito e aceitável perante os outros.
Mas quando falamos de um relacionamento sério, percebemos que ainda existem preconceitos quando se trata de namorar uma mulher gorda. Muitos ainda escondem da família e principalmente dos amigos por pura vergonha.
Ainda somos procuradas apenas no final da balada, para muitos caras (ou manas) não ficarem no zero a zero perante aos colegas, e se for alguém conhecido, é provável que ela escute um “num comenta com ninguém não valeu?”.
É lastimável, mas isso ainda acontece mais do que a gente imagina. E ainda há muito a ser desconstruído por aqui.
2. Mercado de trabalho
O mercado também é ingrato, seja pelo uniforme que pode não caber ou porque de alguma forma uma colaboradora gorda pode trazer “dor de cabeça”. Por mais qualificada que nós sejamos, por mais experiência que tenhamos, a chance de uma pessoa magra ganhar a vaga é maior. E tudo isso porque o fato de uma pessoa ser gorda é associado a risco de vida e saúde debilitada.
Para algumas empresas, ter uma gorda em seu quadro de funcionários é sinônimo de atestados em série, mal estar nos períodos de trabalho, dentre outras coisas que podem vir a atrapalhar o desenvolvimento da função. Fazendo com que essa colaboradora não desempenhe suas funções como o esperado.
Por aqui, concluímos que as empresas precisam urgentemente repensar seus valores e visões a respeito, começando assim o processo de inclusão e mais uma vez desconstrução.
3. Lugares

Ainda existem pessoas que nos olham torto nos lugares, em especial em restaurantes ou lojas com roupas de tamanho padrão, por exemplo. Para uma mulher de baixa autoestima, esses olhares seguidos de comentários e cochichos são muito constrangedores e humilhantes.
O empoderamento da mulher gorda é impactante. A verdade é que ver uma mulher classificada como “fora do padrão” e “exemplo a não ser seguido” não ligando para tudo isso, se amando e se sentindo confortável com o que somos, incomoda muita gente.
E a má notícia para os “sensíveis” é que continuaremos impactando. Coloquem seus óculos porque suas retinas sensíveis serão gravemente feridas com tamanha autoestima.
4. Sociedade
O mulher gorda está ocupando cada vez mais o seu espaço, já estampamos a campanha da Calvin Klein, já chegamos no topo do mundo com a Lizzo (gorda e negra, dois lacres), já desfilamos em uma das maiores semanas de moda do mundo que é o SPFW e já fizemos umas das maiores grifes do mundo ampliar seu tamanho, Dolce & Gabanna já anunciou a ampliação de sua grade.

Mas até pra ser gorda tem um padrão e isso pode ser retratado nas lojas e suas numerações que geralmente vão até o 54/56 não dando a real acessibilidade a todas as pessoas de serem e de vestirem em seus corpos o que realmente gostam.
A mulher gorda maior (numeração acima de 56) não é representada em sua grande maioria por esse plus size que demarca até onde se pode ser gordo. Isso indica que apesar de todo barulho que já fizemos, ainda há muito trabalho a ser feito, e muito que ser repensado.
5. Homens
Ser um corpo gordo no mundo masculino ainda é interpretado de maneira deturpada por uma boa parte. Tudo bem ser “gorda” com coxas grossas, quadril largo, seios fartos e barriga chapadinha. Mas celulites, estrias, barriga e flacidez nem pensar!
Para esses homens (que não são diferentes daqueles que citei em relacionamentos), uma mulher gorda ainda é vista como carente, no melhor estilo “não pega ninguém, eu vou lá fazer uma caridade” ou “uma mulher quente” (principalmente se você é gorda e preta) que topa tudo e faz tudo porque não é sempre que se tem oportunidade.
A hiperssexualização do corpo com curvas avantajadas faz com quem esses homens pensem que nossos corpos são de domínio público. Muitos ainda se acham no direito de fazer comentários maldosos ou até mesmo nos enviar mensagens grotescas, nos faltando com respeito.
Se tratando de uma mulher gorda e preta, a chance disso acontecer é três vezes maior por conta de todos os estereótipos que carregamos, mas falaremos disso em algum outro momento.
A mulher gorda se aceita?

Ainda vejo muitas mulheres gordas se escondendo, se achando feias e desinteressantes, como se ser gordas fosse um defeito irreparável. Mas também vejo muitas se amando verdadeiramente, se despindo desses padrões e colocando pra rolo seus corpos sem vergonha alguma dele.
A mulher gorda está se descobrindo, acompanhando outras e aos poucos caminhando para sua plenitude de amor próprio.O processo ainda continua sendo diferente para cada mulher, pois cada uma se encontra e aprende a se amar no seu tempo, e tudo bem quanto a isso.
A gente continua seguindo, quebrando padrões dia após dia, e se impondo perante a sociedade. É bom perceber que mesmo ainda tendo tanta coisa pra mudar estamos progredindo, fazendo barulho e conquistando o nosso espaço.
Beijos da blogueira!
Imagem: Reprodução / Instagram