Como arrumar o guarda-roupa e parar de perder tempo ao se vestir
Nesses tempos de isolamento forçado, um comportamento acometeu algumas mulheres que se viram em casa e com algum tempo livre: colocar ordem no caos. Digo o caos que a gente tem controle, né. Arrumar o armário da cozinha, do banheiro, jogar fora as maquiagens e remédios que foram ficando na pia do banheiro, separar as roupas e sapatos que você não usa há muito tempo e que só ocupam espaço, enfim, organizar as bagunças que foram acumulando e a gente foi adiando. Mas como arrumar o guarda-roupa?
Na consultoria de estilo, área em que eu atuo, vejo que desapegar das roupas e acessórios pode ser muito difícil pras mulheres. A maioria tem coisas demais, resultado de compras feitas no impulso e sem estratégia, e isso mais atrapalha do que ajuda na hora de se vestir.
Por isso, a coluna de hoje vai te entregar alguma dicas que eu uso com as minhas clientes na etapa da revitalização de guarda-roupa. Essa parte não é sobre jogar fora e comprar tudo novo, mas entender quem é você a partir dessa poderosa ferramenta de estilo que é o nosso guarda-roupa. Quando o nosso armário está afinado, fica mil vezes mais fácil se vestir e expressar nosso estilo. Mas quando ele está lotado de peças desconexas fica aquela sensação de ‘armário lotado sem nada pra vestir’ que muitas mulheres relatam.
Então, mãos a obra!
Como arrumar o guarda-roupa
O guarda-roupa ideal
Para entender como arrumar o guarda-roupa é preciso pensar em proporção. A proporção de peças do guarda-roupa ideal é uma parte de baixo pra cinco partes de cima. Mas é uma proporção bem difícil de encontrar nos armários. Por isso, te digo que uma boa meta é 3 para 1.
Uma parte de baixo (macacão e vestido são partes de baixo) deve combinar e fazer looks que você queira usar com três partes de cima. Esse cálculo já vai resultar em um armário com muitas possibilidades que é o que todas nós queremos, né. Versatilidade é um dos critérios que uma peça deve atender pra ficar no seu guarda-roupa.
Adotando critérios
Ter critérios vai te ajudar a decidir sobre o que sai e o que fica no armário. Já falei acima sobre versatilidade. Outros critérios são silhueta, estilo pessoal, qualidade e funcionalidade.
O primeiro diz respeito ao fato de a peça vestir bem seu corpo. Sabe aquela peça que valoriza suas curvas, seus pontos fortes, o que você mais gosta no seu corpo e te faz se sentir confiante? Então, é isso! Todas as peças do seu armário deveriam te fazer se sentir assim. Pense nisso.
Estilo pessoal é muito importante porque está cheio de peça bonita por aí, mas que não tem a ver com a gente, com a mensagem que queremos transmitir para o mundo com o nosso vestir. Aí, não adianta. Porque a roupa pode até vestir bem, mas vai ficar aquela sensação estranha chamada desconforto emocional. A peça tem que ter a sua cara.
Qualidade é outro requisito essencial. Mas muitas vezes, ignoramos em nome da beleza. Mas de que adianta uma peça bonita que não deixa sua imagem refinada? Que depois de cinco lavagens ficou com peeling, as famosas bolinhas, ou desbotou? Qualidade tem a ver com tipo de tecido usado, caimento no corpo e acabamento caprichado.
Funcionalidade é sobre a peça se encaixar no seu estilo de vida. Roupa foi feita pra gente usar e criar memórias com ela. Mas acontece que muitas vezes compramos roupa para uma vida que não levamos e a peça fica lá esquecida no armário porque não temos ocasião pra usar.
Mais alguns critérios
Se mesmo usando os critérios acima, você ainda não sabe como arrumar o guarda-roupa e o que fazer com algumas peças, sugiro você se fazer essas perguntas.
- Se eu estivesse fazendo compras neste momento, eu compraria esta peça de novo?
- A peça foi usada no último ano?
- A peça está gasta, rasgada ou descosturada e não pode ser consertada?
- A peça tem valor sentimental pra mim?
- Com alguns pequenos ajustes, eu posso dar uma cara nova pra ela ou resolver o que não gosto?
- Eu uso a peça com frequência (pelo menos 1x a cada duas semanas)?
Faça pilhas
Na hora da organização, você pode começar separando as roupas por pilhas: pilha do ajuste/reforma, pilha da doação/venda, pilha da recordação e pilha do lixo.
Na pilha do ajuste/reforma ficam aquelas roupas que, se ajustadas ou reformadas, podem ganhar uma carinha nova ou ficarem prontas pra uso como uma bainha na calça que estava comprida, uma saia longa que pode virar midi e uma camisa de manga longa que pode ganhar mangas curtas, por exemplo.
Vale pensar em roupas desbotadas ou manchadas que podem ser tingidas como as feitas de tecidos naturais como linho e algodão ou mistos como viscolinho. Até sapatos apertados ou grandes, dá pra resolver usando uma palmilha ou laceando com meias grossas e molhadas e usando esparadrapos em alguns dedinhos.
Na pilha da doação/venda estão as peças que não cabem mais na sua vida, no seu corpo ou não fazem mais seu estilo. São peças que incomodam, apertam, não valorizam seu tipo físico, que você não gosta, mas ainda estão em bom estado e podem fazer alguém feliz ou render uma grana extra em bazares e brechós.
Na pilha da recordação ficam aquelas peças que você vai guardar porque tem valor sentimental como vestido da formatura, bolsa comprada em viagem. Esses itens não precisam ficar no armário do dia a dia.
E por fim, na pilha do lixo estão as peças manchadas, com bolinhas, desbotadas, que você já usou muito, que estão puídas, gastas, descascadas como as feitas em PU.
Hora de guardar
Na hora de colocar as peças que ficaram de volta no armário, tente deixar o máximo de itens à mostra mesmo que você tenha limitações de espaço. Quando a gente guarda objetos em gavetas e sacos pode acabar esquecendo de usá-los porque não os vê. É comum.
No entanto, há o caso em que eu recomendo que você tire mesmo as peças da sua vista. Quem sofre com alterações de peso frequentes ou está em algum processo de emagrecimento, ganho de peso ou mudança corporal pode ter roupas que não caibam no corpo que você tem hoje. Se você ainda não sabe se quer desapegar, guarde-as numa caixa plástica longe do seu armário do dia a dia para não trazer sentimentos negativos.
Pendurar ou dobrar: os tecidos
Você já deve ter reparado que há tecidos que amassam muito e outros nem tanto. Esses que amassam fácil são os tecidos planos. Peças em tecido plano também esticam pouco (a não ser que estejam combinadas a elastano) e devem ser penduradas nos cabides. Tecidos planos são viscose, algodão, seda, linho, tencel, etc. Falamos mais sobre isso aqui neste texto.
Já as peças que você pode guardar em prateleiras ou gavetas, pois ‘crescem’ se penduradas são aquelas feitas em malha, lã, tricot e linha. Peças feitas em tecidos de poliéster e que contenham poliamida e elastano não amassam e podem ser dobradas também.
Essas dicas sobre como arrumar o guarda-roupa vão na direção de ter uma vida mais leve e ir retirando o tanto de coisa que a gente acumula ao longo do tempo sem nem saber exatamente o porquê.
A Covid-19 e a quarentena provocaram uma reflexão em muita gente que disse que viu que precisa de pouco pra viver e ser feliz (leia aqui meu texto sobre minimalismo em tempos de coronavírus). A partir de agora, pra cada item novo que entrar no seu armário, um já pode sair.
Imagem: Unsplash