Contatinhos? Não, obrigada!
Não, eu não quero contatinhos novos. Eu não quero beijo quente de um coração gelado. Não me interessa nenhuma das bobagens que vão tentar usar para me arrastar. Não mesmo. Tanto contato, e nada que de fato me contate, me ascenda.
Por isso, eu só quero dizer um belo e sonoro: “Não! Não me interessa de onde ele veio e nem pra onde está indo. Se chegou programando a hora de ir embora, nem precisa parar. Não, não mesmo!”
Sabe, se tem uma coisa gostosa nas relações do século XXI, é o lance de saber viver os momentos. É maravilhoso. Aliás, é incrivelmente bom. Sim, é muito bom mesmo. Aproveitar o momento, ser um instante no tempo. É quase um lance mágico, eu diria, não fosse o momento em que as luzes se apagam e quando o sol nasce pela manhã, o outro lado da cama tá vazio e o café parece que desce até gelado.
Ai você me pergunta: – qual a obrigatoriedade de ficar até o amanhecer? Nenhuma, absolutamente nenhuma. É como eu falei ali em cima: se chegou com data marcada pra partir, segue esse baile e nem para por aqui. Não tem ninguém planejando casamento, uma vida a dois ou qualquer coisa do tipo. Mas acontece que esse lance que enche e não preenche não tem graça. Ficar até o sol nascer é ver a outra parte do outro. Ver a maquiagem borrada, o cabelo bagunçado e saber que se deitou com um ser humano, com alguém que é também um pedacinho de história.
Ficar até o amanhecer, esse sim é o real prazer de ser um instante no tempo. Ser um instante no tempo é ser aquele momento em que o peito acelera, a mão gela, a boca seca e tudo que existe é o querer de mãos dadas com o poder. É simplesmente ser, sem a preocupação ridícula de fugir antes do amanhecer. É somente a entrega de se permitir viver, além de meros joguinhos ou rótulos sociais.
Sabe por que contatinhos definitivamente não?
Porque a graça está no laço imaginário, aquele que te permite ir, e mesmo quando insistir em seguir, o corpo não mente. O laço imaginário, aquele nozinho, que te faz querer olhas as redes sociais, ver as fotos e saber por onde anda o outro. Esse laço, esse nozinho bobo, é a coisa gostosa de saber que alguém te pertenceu, que alguém foi teu. Esse é o lance de saber, que o momento existiu, durando dois, quatro meses ou até anos, não importa. O que importa mesmo é saber que foi. Foi pele, foi carne, foi qualquer coisa de verdade, não uma mera brincadeirinha de duas horas. Agora ser um instante no tempo, pra aproveitar bem o momento, tem que ser com quem tem coragem. Gente que tem cheiro, que tem tato, que agarra o momento na unha e abre a janela para as estrelas e céu serem testemunhas.
Enfim, pelos beijos molhados, pelos afagos, por menos café gelado: contatinhos não!
Seja o que você quiser, mas não se reduza a uma brincadeirinha de fim de noite. Traz inquietude, bagunça a porra toda, se enlaça, se enrosca, mas não se acomoda nessa água morna. Essa coisa de deixar os momentos passarem. Cada dia uma mão diferente, histórias que não se completam e momentos que não se tornam instantes no tempo. Ah isso não! Deixe se entrelaçar, deixa ser metade por inteiro. Deixa o beijo vir com gosto de quero mais e o café descer quentinho. Deixe os momentos se tornarem e se encerrarem por si só. Só não vem com a premissa de partida logo na chegada.
Contatinhos? Que bobagem é essa, a gente quer mesmo na certeza da incerteza, o sabor gostoso de não mascarar nada. Sim, o sabor de todo momento e seu desvaneio!
Imagem: visualhunt
E o que vocês responderiam a essa pergunta aqui abaixo, feita por uma de nossas usuárias do Clube Superela?