Dashauna Barber: Miss Estados Unidos, Militar e um exemplo de força
Se representatividade é o assunto da vez, os exemplos – cada vez mais incríveis – tem aparecido de balde. Depois da eleição de Sabrina de Paiva como Miss São Paulo e da escolha da atriz Noma Dumezweni como Hermione na peça Harry Potter and the Cursed Child, a causa ganhou mais uma representante: Deshauna Barber, negra e Miss Estados Unidos.
Na noite de domingo, dia 5, a então Miss Columbia venceu o torneio pela faixa mais desejada do país, deixando a Miss Havaí na segunda posição. Porém, além de ser negra (e maravilhosa!), Deshauna também impressionou por conta da carreira: ela é uma oficial reservista do exército norte-americano.
E o mais incrível? Ela usou a sua base militar para ganhar o concurso. Na última rodada, o jurado Joe Zee questionou Deshauna sobre as mulheres no exército, ao qual a Miss respondeu:
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“Como uma mulher no Exército dos Estados Unidos, eu acho que o nosso governo fez um trabalho incrível ao permitir que as mulheres estejam em todas as áreas do exército. Nós somos tão fortes quanto os homens. Como uma comandante da minha unidade, eu sou poderosa, eu sou dedicada e é importante reconhecermos que os gêneros não nos limitam nos Estados Unidos”, disse, segundo a CNN, se referindo à decisão recente do Pentágono de abrir mais espaço para as oficiais mulheres dentro da área.
Attention: First Lieutenant Deshauna Barber is reporting for duty as #MissUSA 2016.
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Deshauna é, atualmente, uma comandante da 988º Unidade de Destacamento de Contramestres em Fort Meade, Maryland, e trabalha também como uma analista de TI do Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
Agora com o título de Miss USA, Deshauna pretende chamar a atenção para a saúde dos veteranos quando voltam de combate, sofrendo de síndromes como estresse pós-traumático.
Agora, essa mulher poderosa irá representar o país no concurso Miss Universo e é um verdadeiro exemplo para mulheres mundo afora. A questão do exército é sempre um argumento usado – de forma incorreta – quando se fala em direitos iguais para mulheres.
Congratulations to the 2016 #MissUSA, Deshauna Barber of Washington, District of Columbia.
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No Brasil, por exemplo, o alistamento obrigatório é válido apenas para homens a partir dos 18 anos, e um dos ‘problemas’ seria, justamente, que as mulheres ficam de fora dessa obrigação. Já nos Estados Unidos, o alistamento obrigatório foi instaurado em períodos de grande crise, como durante as Grandes Guerras Mundiais, e atualmente funciona de forma voluntária, mas com um sistema de seleção de reserva, para o caso de uma nova guerra.
No entanto, a questão é muito mais profunda. O exército, como uma instituição historicamente criada por homens e para homens, não abre espaço para as mulheres por considerarem os oficiais do sexo feminino mais vulneráveis, o que seria uma desvantagem num possível campo de batalha.
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Porém, se a recente campanha da marca Bodyform é qualquer prova, as mulheres já provaram que tem muita capacidade para fazer qualquer trabalho, mesmo que exija muito do corpo. A ideia que precisa ser trabalhada na mente é essa: o corpo de uma pessoa não define a sua capacidade de fazer qualquer atividade que seja, mesmo que ela seja considerada muito pesada e exija muito do físico.
Imagem: Instagram e Pinterest