Será que estamos vivendo a era da vida falsa?

De um tempo para cá, tenho me questionado muito sobre como estamos vivendo, como estamos lidando com essa passagem, curta e finita aqui na terra, como estamos lidando com a tecnologia, o consumo e a beleza (leia mais aqui). Papo de maluco, né? Sim, um pouco, mas esses questionamentos têm feito parte dos meus dias. Então, resolvi compartilhar e – tomara- escutar o que vocês pensam sobre isso.
Vamos lá, para e pensa quanto tempo do seu dia você gasta “acompanhando” a vida alheia nas redes sociais. Quantas vezes você abre o Instagram, quantos minutos passa no Snapchat, quantos vlogs assiste? Agora, pensa quantas vezes se cobrou por não ter madrugado para malhar como a blogueira “X”, por não ter voltado a forma depois do parto tão rápido como a blogueira “Y” ou por não ter uma vida tão incrível quanto a uber blogueira “ Z”? Quantas vezes comprou coisas ou usou serviços estimulados pelas infinitas @dicas “mara” que fulana ou beltrana nos deu no Snapchat ou no Instagram? (leia mais aqui)
No maravilhoso mundo da fantasia – da vida das redes s0ciais – não brigamos com marido, não perdemos a paciência com filho, não nos deixamos vencer pela preguiça, não saímos de casa desarrumadas…Enfim, vivemos uma vida irreal, falsa, baseada em recortes felizes de um dia a dia não tão feliz. Afinal, ninguém é feliz, motivado, e alegre 100% do tempo.
A vida é feita de instantes que se intercalam e, a tal felicidade, são flashes dentro dessa sucessão de momentos. Só que quando abrimos essas redes sociais, somos bombardeados pelos melhores recortes, pelas imagens bonitas e tratadas, pelos momentos felizes e ficamos com a falsa impressão que assim é a vida dos outros – e que nossa vida, a real, offline é uma droga.
Quantas vezes sabemos detalhe da viagem de uma blogueira, sabemos como conheceu seu marido, que salão faz “A MELHOR” escova e quem é o melhor profissional para fazer unha em tal lugar e deixamos de saber como anda a vida da nossa “amiga de colégio”? Quanto tempo gastamos vendo dicas e a rotina de “insta mães perfeitas” e deixamos de brincar com nossos filhos?
Quanto dinheiro gastamos comprando coisas superficiais achando que, assim, tornaremos nossas vidas um pouquinho mais glamurosa e fascinante como a de nossa digital influencer preferida? Esses questionamentos, um pouco esquisitos, para uma consumidora voraz de textos e mídias sociais, têm assombrado meus dias.
Cada snapchat que assisto, cada dica de como tratar o cabelo que “copio”, sempre vem com essa pergunta mental. Apesar de seguir “N” musas fitness, volta e meia me pego pensando em como isso é maluco! Me motivar e me inspirar em pessoas que ganham a vida para isso chega a ser injusto né? Ela ganha dinheiro – em alguns casos muito!! – para malhar, faz tratamentos mil e de graça.
Já eu, mera mortal, mãe de dois filhos, fico feito louca acompanhando sua vida fit e me sentindo a maior preguiçosa do planeta, a mais fracassada das mulheres por não ter um “tanquinho para chamar de meu”. Será que esse sentimento de frustração, não vem de estar me inspirando na pessoa errada?
Será que minha fonte de motivação não deveria ser minha vizinha de porta, que é mãe de três filhos, super presente, bem sucedida no trabalho e que ainda tem tempo de malhar e encontrar as amigas? Será que a minha cabeleireira, que corta meu cabelo há anos, não tem dicas maravilhosas para me dar?
O problema não esta nas mídias, elas são ótimas. Nós, melhor dizendo, eu que acho que tenho usado-as da maneira errada. Tem me incomodado o fato de saber mais da vida da minha musa fitness, do que como anda a rotina de uma amiga que está passando por uma separação e eu só soube porque outras pessoas me contaram.
Percebe a maluquice da coisa? Então, esse é o meu desafio atual: menos tempo assistindo ao snapchat de desconhecidos e mais tempo ligando para minhas amigas. Menos “insta musas fitness”, mais exemplos reais. Menos compras por causa dos outros, que ganham dinheiro me dando dicas, mais consumo consciente. Menos tempo aprendendo com blogueiras de maternidade, mais tempo brincando com meus filhos. Menos olho na tela, mais olho no olho!
E sugiro que você repense também “seus consumos” virtuais. Devemos gastar tempo na internet sim, encontramos milhares e milhares de informações que nos ajudam, nos fazem pensar, nos divertem… Encontramos motivação, encontramos inspiração. Só não deixe que isso te traga frustrações, que te atrapalhe ou que sua vida virtual seja mais empolgante que sua vida real.
É isso, menos tempo olhando para baixo, para a telinha do celular, mais tempo olhando para o horizonte, menos filtro, mais pôr do sol.