Sobre relacionamentos: felicidade à dois é possível?
Faz tempo que não paro para pensar em questões sobre relacionamentos. Até que, como sempre acontece, ouço murmúrios, nas estações da vida, sobre algum tipo de relacionamento infeliz. Duas pessoas que dizem se amar. Dois corações seguindo à risca os propósitos de uma vida à dois. A infelicidade como o bicho papão que bate à porta quando a gente esperava, fielmente, que fosse apenas o mar de rosas a inundar a casa.
O que acontece quando a gente não é feliz na relação, mas ama o outro? Vamos melhorar a pergunta: o que acontece quando a gente ama o outro, mas não sabe ser feliz com ele? Ou podemos tentar ainda: o que acontece quando duas pessoas se amam, mas não conseguem ser felizes juntas? Mesmo que eu tenha encarnado as introduções bizarras do Fantástico (e nem assisto!), o assunto aqui é sério, gente.
Sabe quando a gente ama alguém, mas, de alguma forma, não consegue ser feliz com ele? Eu não sei você, mas eu vejo vislumbres da falta de interpretação acerca da felicidade. Felicidade como puramente felicidade e felicidade à dois. Primeiramente, podemos perguntar: o que é ser feliz para você, gracinha? Gracinha responde: ter tudo aquilo que a gente quer, claro. Errado! Não é, embora muitos pensem assim.
Gente, sério, felicidade não é uma questão de ter (mesmo que seja clichê demais dizer isso), mas é uma questão de… (aqui você termina a frase com o que acha que pode ser felicidade ou com o final do clichê acima). Pare para pensar sobre uma coisa: o que acontece quando você entende a felicidade como a falta daquilo que deseja? Sempre vai faltar. E se sempre faltar, como é que vai ser feliz?
Quando a gente limita a felicidade a algo que não tem, mas quer ter, passa a vida toda esquecendo de ser feliz e reconhecer aquilo que tem. A gente tem essa mania, natural. Mas precisamos, muitas vezes, parar para atribuir valor ao que temos hoje para, quando o amanhã trouxer coisas melhores, possamos reconhecer que a felicidade não é sobre colecionar desejos, mas valorizar momentos.
Valorizar a vida. As pessoas. O que temos hoje, o que nos faz ser quem somos. Felicidade é sobre saber agradecer por tudo que temos e que ainda poderemos conquistar. É sobre reconhecer o valor das coisas mais simples. Das coisas que estão ligadas à nós diretamente, sem que precise de pagamentos com cartão de crédito, cheque ou dinheiro. A felicidade está naquilo que não tem preço: na gratidão.
E o que isso tem a ver com relacionamentos, afinal?
Tudo!
Entendendo que ser feliz independe daquilo que desejamos ter, sendo sobre o que somos e fazemos da vida, chegamos aos relacionamentos. E aqui, falo, especificamente, dos amorosos, mas pode ser pensado como em qualquer relacionamento.
Acontece que, ao saber reconhecer o que seu/sua parceiro(a) é, você, acima de tudo, estará atribuindo valores. E falando assim até parece que comparo a vida aos negócios empresariais, mas não. Falo de valor, pois sei que acabamos esquecendo quanto vale as coisas mais simples hoje em dia. Somos induzidos a isso. E a felicidade está naquilo que balança nenhuma pode pesar.
Nessa questão, quero dizer que, enquanto você só enxergar os defeitos do seu/sua parceiro(a), estará alimentando sua infelicidade. É por isso que precisamos aprender a agradecer, porque, quando a gente agradece, reconhece o valor das coisas, admira. E sabe a admiração? Ela é fundamental em uma relação.
Aprenda a reconhecer as qualidades de quem está ao seu lado, baby. Aprenda a entender o ser das pessoas e não o ter. Quando você entende que a felicidade à dois é sobre admirar, respeitar, valorizar e ser grata(o), entende que é possível, sim, ser feliz com ele(a). Mas, antes de tudo, precisa compreender os ingredientes que envolvem a felicidade. Ser feliz com ele(ela) não tem a ver com a casa de vocês.
Se vocês têm carro ou não. Se vocês passeiam muito e fazem coisas aventureiras juntos sempre. Não tem a ver com o tamanho do quarto, da cama, da televisão. Nem com quantas vezes ele(a) diz que te ama em voz alta. É claro que, sem hipocrisia, se tudo isso estiver ao ser redor, ótimo! Só não pense que somente como tudo isso poderá ser feliz, pois não é o bem material que te faz feliz, ele apenas complementa sua felicidade, mas só se você souber ser feliz sem ele.
E, para terminar, como todo mundo diz por aí, seja em postagens do Facebook ou quando você está naquela deprê: não espere para ser feliz. A felicidade não chega com o tempo, nós a deixamos entrar ou não, apesar do tempo. Ela não bate à porta, ela chega quando a compreendemos e permitimos que venha. S
eja sozinha(o) ou com seu/sua companheiro(a), porque, também, para ser feliz em uma relação, antes, é preciso ser feliz consigo mesmo, sem precisar de alguém. Para que, depois, um possa complementar a felicidade do outro, sabe? Reconhecer o valor do outro. Para que possam se admirar pelo que são e têm hoje e ainda poderão conquistar amanhã. A felicidade é sobre gratidão, então, tendo ou não, seja.
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