Lugar de mulher é fazendo história
Era um discurso bem comum de décadas atrás, que lugar de mulher era cuidando da casa e dos filhos. Discurso esse que foi repetido várias vezes no curso da história. As mulheres foram discriminadas por nós homens por serem o que são: mulheres (leia mais aqui)! Esse pensamento foi defendido de várias formas, sendo uma desculpa para a exclusão o porte físico, o intelecto, a capacidade etc, entretanto, ao longo do percurso, muitas mulheres excepcionais tiveram que tomar posturas que para aquela sociedade não era permitido.
Seus exemplos servem de inspiração até hoje para várias pessoas do mundo e espero que vocês que se acham muitas vezes um trapo, possam se olhar de uma forma diferente vendo o que essas mulheres foram capazes de fazer. Hoje, vamos falar de algumas (não todas) mulheres que mudaram o rumo da história com suas atitudes.
Só para explicar, eu separei alguns exemplos, existem vários outros, de mulheres ou coletivo delas e vou colocar em uma sequência cronológica. Todas essas mulheres são reais ou ao menos não se tem certeza de sua existência, mas nenhuma história aqui é de fantasia. Durante os tópicos eu vou sugerir alguns filmes legais para vocês assistirem que contam um pouco da histórias dessas personagens, então se ajeitem ai no seu gato gigante, preparem aquele chazinho que hoje vamos conhecer mulheres que mudaram o rumo da história.
Pera ai!
Hua Mulan
Não se sabe exatamente se essa mulher realmente existiu, historiadores divergem de opinião, mas acredita-se que foi uma chinesa que provavelmente viveu durante o século II depois de cristo, durante a dinastia Han e a invasão dos hunos. O que temos de registro histórico de seus feitos são algumas poesias compostas após o século V que contam um pouco sobre seus feitos heroicos durante essa invasão ao império chinês. A história chegou a inspirar uma animação da Disney na qual a adaptação ficou muito boa contando a história dessa jovem mulher (leia mais aqui).
Mulan era uma moça chinesa que, como qualquer outra de seu tempo, tinha que obedecer montanhas de normas e tradições comuns naqueles tempos do império: casamento e maternidade, uma dama aos olhos da sociedade chinesa. Durante a animação, ela não se encaixa muito bem nesse estereótipo de mulher que a sociedade exige e, mesmo ela sendo muito bonita, não consegue um bom matrimônio que era a única forma que uma mulher poderia honrar sua família.
Ela estava envolta em seus problemas e então acontece algo que mudaria sua história. Outro problema maior. Os hunos, um povo de guerreiros nômades, começam um ataque a grande muralha da China e a atravessa rumo a cidade imperial devastando tudo em seu caminho, então, por ordem do imperador, um homem de cada família deveria servir o exército imperial. O problema é que na família Hua não haviam filhos homens que pudessem substituir o pai de Mulan na ordem do imperador.
Assim, Mulan com medo de perder o pai para a guerra, toma uma decisão arriscada: ela se disfarça de homem e assume o papel de seu pai nas linhas de combate. Na animação ela passa maior parte da história treinando com homens e se escondendo para que nenhum deles percebesse que ela era uma mulher, pois a pena para tal crime seria morte por decapitação.
Segundo a lenda, Mulan consegue o feito histórico de dizimar o exército Huno e os expulsar para fora do território do império, mas sua farsa de ser um homem é descoberta. Assim, Mulan recebe as mais altas honras pelas mãos do próprio imperador e o mais alto cargo de conselheira do imperador. Obviamente ela, respeitosamente, recusa tais coisas e retorna para casa.
Sua história é um grande exemplo que uma mulher pode fazer grandes coisas, tão grandes quanto qualquer homem possa fazer. Milhares de vidas foram salvas graças a essa grande heroína e exemplo de coragem e determinação.
Amélia Earhart
Quantas vezes vocês já ouviram que mulher só sabe pilotar fogão? Provavelmente muitas, mas fiquem sabendo os marmanjos que falam essas bobagens, quem foi Amélia Earhart. Nascida em 24 de julho de 1897 nos Estados Unidos, no estado do Kansas, essa fantástica mulher teve uma vida típica de norte americana, ou seja, conturbada pelos problemas da família e outros eventos.
Estudou enfermagem e atuou como enfermeira durante a pandemia de gripe espanhola em 1918 e nos destacamentos voluntários aos feridos da primeira grande guerra. Sonhadora, ela juntava textos e artigos que falavam de mulheres de sucesso em carreiras onde a predominância era dos homens. Planejava, assim, estudar medicina na universidade de Columbia, mas não levou os estudos universitários muito a sério e voltou a se reunir com a família agora no estado da Califórnia.
Foi em um desses acasos da vida que Amélia se encontrou com a aviação. Depois que começou a gostar da profissão, não saiu mais da área da e seguiu estudando e treinando seriamente durante toda sua vida. Ela acumulou mais de 500 horas de voo solo e foi a primeira mulher a fazer um voo solo de ida e volta pelo continente norte americano.
Recebeu a condecoração “Distinguished Flying Cross” por ser a primeira mulher a cruzar o atlântico sem escalas, ganhou várias competições e recordes. Por exemplo, foi a primeira pessoa a fazer um voo da Califórnia até Hawaii. Posteriormente, se tornou conselheira técnica do departamento da aeronáutica dos Estados Unidos.
Sua “Velha Bessie, Cavalo de fogo”. (Caraca, o avião dela era Rosa. Que TUDO!!)
Infelizmente, essa heroína de assas sumiu em um voo ousado de volta ao mundo, onde pela, segunda vez, ela quase completou o feito, mas desapareceu perto da ilha Howland por motivos ainda controversos e não foi mais encontrada mesmo após buscas incessantes. Sobre sua história, foi feito o filme “Amélia”, que é baseado em sua biografia, e também fez uma participação emUma Noite no Museu 2. Agora segue uma lista feitos ao longo de sua vida, não vou colocar os prêmio que ela recebeu, pois foram muitos.
Recorde mundial de altitude feminino: 14.000 ft (1922)
Primeira mulher a voar sobre o Atlântico (1928)
Recorde de velocidade de 100 km (e com 226,80 kg de carga) (1931)
Primeira mulher a voar num autogiro (1931)
Recorde de altitude em autogiros: 15 000 pés (4,5 km) (1931)
Primeira pessoa a cruzar os EUA num autogiro (1932)
Primeira mulher a voar solo sobre o Atlântico (1932)
Primeira pessoa a voar solo sobre o Atlântico duas vezes (1932)
Primeira mulher a receber a “Distinguished Flying Cross” (1932)
Primeira mulher a efetuar um voo sem escalas, costa a costa através dos EUA. (1933)
Recorde transcontinental de velocidade feminino. (1933)
Primeira pessoa a voar solo através do Pacífico, entre Honolulu, Hawaii e Oakland, California (1935)
Primeira pessoa a voar solo de Los Angeles, California a Cidade do México, México (1935)
Primeira pessoa a voar solo, sem escalas da Cidade do México, México a Newark, Nova Jersei (1935)
Recorde de velocidade de voo leste a oeste de Oakland, California a Honolulu, Hawaii (1937)
Dandara
Ficou mais conhecida como Dandara dos Palmares e ainda jovem iniciou sua luta contra o sistema escravista no Brasil. Não se sabe ao certo sua origem, se teria ela nascido na África ou em solo brasileiro, mas foi por aqui que seu nome foi conhecido. Dominava a arte da capoeira e foi uma das inúmeras mulheres que combateram o sistema de escravidão.
Era uma líder nata e contam as histórias que uma excelente estrategista, sendo respeitada como uma grande líder e conselheira. Apesar de ter se unido a Zumbi, que foi outra personagem histórica nos Palmares, isso não ofuscou o brilho de nossa princesa, pois como foi dito, sua luta começou muito antes dela se unir ao seu parceiro.
Histórias dizem que ela não era somente uma líder e estrategista, mas efetivamente participava da frente de batalha. Foi uma pessoa fundamental para o rompimento da Aliança Ganga-Zumba, antigo líder do quilombo. A tentativa do governo de Pernambuco foi oferecer uma liberdade aos residentes do Palmares e a soltura de prisioneiros em troca de entregarem outros escravos que buscassem refúgio no quilombo.
Dandara foi veementemente contrária ao acordo, assim como Zumbi, e antes que Ganga-Zumba pudesse firmar o acordo, ele foi assassinado por algum de seus companheiros. Uma frase que ficou conhecida que dizem histórias era típica de Dandara era: “A liberdade é inegociável”.
Infelizmente tudo que se sabe sobre essa guerreira carrega um pouco de lendas, pois seu histórico foi destruído junto com sua morte durante um ataque ao quilombo dos Palmares. Como sabemos a história foi escrita pelos que dominaram e não pelos que foram dominados. Seu exemplo de força e coragem serão símbolos para a luta a favor da liberdade e igualdade racial no Brasil para sempre.
Marie Curie
Marie Curie, nascida em 7 de novembro de 1867 em Varsóvia na Polônia, foi pioneira no estudo da radioatividade. Estudou na universidade de Paris, onde conseguiu seu diploma e onde seguiria sua pesquisa futuramente. Ela foi a primeira mulher a lecionar na faculdade de Paris. Iniciou sua pesquisa no campo da radioatividade onde descobriu a teoria da radioatividade (termo de sua autoria), foi a descobridora de dois elementos da tabela periódica, o Polônio e o Rádio.
Sob sua direção, iniciou-se os primeiros estudos sobre tratamento de Neoplasmas (crescimento celular desordenado, como) com o uso de isótopos de radiação (ou seja, ela iniciou os estudos sobre radioterapia). Ela foi a primeira mulher da história a ser laureada com o prêmio Nobel de física – o qual ela dividiu com seu marido Pierre Curie e Henri Becquerel.
Também foi a primeira e única mulher a ser laureada com dois prêmios Nobel (o segundo foi de química). Além desses dois prêmios, que não são uma conquista pequena, ela recebeu várias outras honrarias, entre essas, a de ser primeira mulher a ser enterrada, por méritos próprios, no panteão de Paris. Morreu com 66 anos com leucemia, devido a exposição ao Rádio (elemento da tabela periódica, tá engraçadinhas) durante suas pesquisas.
Seu exemplo, de que mulheres são tão capazes de serem cientistas quanto os homens, rompeu tabus da época onde o campo acadêmico era um grande “Clube do Bolinha” e mostrou sua grande capacidade contribuindo de forma excepcional para o curso da nossa sociedade com seus estudos sobre o funcionamento da radiação.
Esses foram pequenos exemplos de mulheres que marcaram a história. Não seria possível aqui contemplar todas, mas quem sabe para futuros textos. Meu objetivo com isso é mostrar a vocês, mulheres, quanta força vocês possuem para desafiar toda uma sociedade que impõem princípios que vocês descordam, que precisam ser mudados para ontem (leia mais aqui).
A luta de vocês é algo que engrandece o espírito de todas mulheres. Hoje vocês estão em quase todos os setores de trabalho, mas esse quase ainda não é suficiente e continuam enfrentado resistências de preconceito de gênero. Se espelhem em outras mulheres que conseguiram romper com seus limite e barreiras – desde as citadas nestes post até exemplos próximos, como sua mãe, sua irmã, sua tia, sua avó…
Com certeza todas elas passaram por eventos onde tiveram de ter muita força e superaram seus próprios limites. Espero que tenham gostado! Eu fico por aqui e deixo a vocês um beijo bem grande.