O marido da Gisele Bündchen também tem nome. Parece que o jogo virou, não é mesmo?
Essa semana, Tom Brady, mais conhecido como marido da Gisele Bündchen, virou notícia. O portal da Uol publicou em seu Twitter uma notícia de futebol americano que tinha ele como protagonista. Ou será que não?
O marido da Gisele Bündchen se chama Tom Brady
Vejam só: muitos torcedores de Brady, e do New England Patriots, ficaram revoltados com essa manchete. E claro, não é para menos. O atleta é um dos quarterbacks mais famosos do universo do futebol americano, e as pessoas vão aprensentá-lo como marido da Gisele Bündchen? Então assim, por mais que esse tipo de tática seja natural (porque sua esposa é mais famosa), o cara tem nome e sobrenome.
Agora, o que chega a ser bastante curioso é o fato de ter tido tanta revolta, por parte dos homens, com essa chamada. Quando a situação chega a acontecer com as mulheres, o nível de estranhamento sequer chega perto do que foi com Brady.
O machismo nas mídias
Acontece que, quando uma mulher famosa está associada a um homem, seja por ele ser seu marido ou parente, ela perde o pódium. Todo o seu trabalho e esforço acaba sendo diminuído pela figura masculina que ela carrega. Acontece que ela, nestes casos, não teve um mérito próprio. Ela só conseguiu chegar aonde está hoje por causa desse homem.
No caso de manchetes, é claro que existem situações onde o homem realmente é mais famoso, tornando mais fácil para o leitor saber de quem se trata. Mas todas nós sabemos que esses títulos machistas, em sua maioria, não carregam esse propósito. A mulher alí citada continua sendo apenas uma sombra de algo “muito maior”.
Vocês acham que eu estou viajando? Então venham comigo ver alguns exemplos disso:
A mulher de um jogador dos Bears
Essa daí rolou durante as Olimpíadas. Essa mulher se chama Corey Cogdell, e é casada com Mitch Unrein, jogar de futebol americano do Chicago Bears Mitch Unrein. Ao invés de falar sobre a atleta e suas conquistas, como um ser individual, o jornalista resolveu apresentá-la como esposa de um famoso aí.
Nessa caso, nem adianta falar que, dessa forma, os leitores a reconheceriam melhor, afinal, nem o nome do marido dela tava no tweet. Então sim, meus caros, infelizmente, títulos sexistas existem, e são mais recorrentes e absurdos do que parecem.
A nadadora que bateu um recorde mundial “graças ao marido”
Esse exemplo vai tirar a gente um pouco dos títulos, e mostrar o quanto ainda somos consideradas sombras de nossos ‘parceiros famosos’. Essa maravilhosa aí é a Katinka Hosszu, uma nadadora húngara que apenas bateu o recorde mundial nos 400 metros. Daí, ao vivo, Dan Hicks (que eu queria muito trocar esse H por um D), um comentarista da rede NBC, falou que ela conseguiu essa conquista graças a seu marido, que também é seu atual treinador. E aí fica aquela perguntinha básica, né: e se o treinador não fosse o parceiro dela? E se ela não tivesse nenhum tipo de relação com alguma personalidade masculina famosa? Acho que iam ter que pensar em outra coisa machista pra colocar alí, não é mesmo?
Aliás, já sei como a manchete seria! Toma aí um bonus round:
A nadadora Katie Ledecky é boa porque “nada como um homem”
Ryan Lochte, também nadador, foi falar da belíssima Katie Ledecky. Ele afirmou que o que a destacava das outras atletas é que ela “nadava como um homem”. Daí já viu, né.
E chegamos a uma conclusão:
Quando esse tipo de coisa acontece com alguém como o marido da Gisele Bündchen, a situação fica pior. Quando um homem, bem poderoso, é associado a sua esposa, que é mais poderosa ainda, os machistas piram. Afinal, como assim um dos quarterbacks mais famosos do mundo vai virar uma sombra da esposa dele? Ou melhor: de uma mulher?
Parece que o jogo virou, não é mesmo?
Imagens: Pinterest