Minimalismo: 7 dicas para tornar mais saudável a sua vida virtual
Eu já falei aqui no Superela sobre o que é o Minimalismo e como colocá-lo em prática. Também já citei dentro desse processo quais são as coisas que eu não compro mais. Mas como dito nos meus últimos dois textos, Minimalismo também se trata de simplificar a vida social (e também a digital, por que não?) de forma a obter mais qualidade de vida.
Sendo assim, agora irei focar no aspecto digital.
A internet é hoje parte integrante da nossa vida. Acordamos checando nossas redes sociais, aplicativos, e-mails e, assim, permanecemos ao longo do dia. Vemos memes (alguns deles repetidas vezes inclusive), lemos a opinião de inúmeras pessoas sobre uma série de coisas. Lemos notícias sobre mortes e tragédias, política e economia. Consumimos informações mais do que qualquer outra coisa.
Mas é saudável isso?
Pra mim não foi. Chegou uma parte desse ano onde eu lia tantas informações, respondia tantas mensagens, acompanhava virtualmente tanta gente e tantas empresas, que cheguei ao meu limite. Aquilo já era um hábito bem enraizado em mim, no entanto não me trazia muitos benefícios e me deixava saturada. Foi então que decidi que definitivamente não passaria a minha vida com um celular na mão.
Para tanto, comecei a cultivar outros hábitos:
1. Whatsapp
Eu já não participava de muitos grupos no Whatsapp e mantive isso. Grupos com muitas informações inúteis, mensagens de “Bom dia”, “Boa tarde”, “Boa noite”, informações sensacionalistas e sem fontes confiáveis, grupos reprodutores de notícias de acidentes, tragédias, vida alheia. Isso realmente é necessário? Isso faz bem? A quem? Não a mim e muito menos a quem é exposto. Portanto, eu participo de raros grupos: de amigos beeeem chegados e grupos com propósito e normas claras. Se é grupo de estudo, vamos falar de estudos e só;
2. Facebook
Eu desfaço meu perfil com frequência afim de dar uma desligada, afinal, o Facebook é a rede com maior fluxo de informações (úteis e inúteis). Quem é meu amigo lá sabe que eu não acompanho e/ou respondo todos os comentários nas minhas publicações ou em publicações em que estou relacionada. Isso demandaria tempo e o meu é bem limitado (de quem não é nessa sociedade moderna e líquida?). Eu também parei de acompanhar aleatoriamente o feed de notícias;
3. Aplicativos de Mensagens instantâneas
Aqui volto ao Whatsapp, incluo o Messenger e demais apps de mensagens instantâneas. Podem me chamar de chata, mas eu não bato papo na internet, exceto com minhas melhores amigas que não moram perto de mim. Também não respondo mensagens que não sejam necessárias. Eu filtro bem porque já parei pra contar e se eu fosse assistir a todos os vídeos que me enviam, ler todas mensagens, textos e correntes e ainda respondê-los, eu teria que largar meu emprego e ficar por conta disso. Sem falar que essa demanda, essa cobrança de estarmos o tempo todo disponíveis e abertos ao bate-papo, é exaustante. Ter aplicativos de mensagens instantâneas não quer dizer que precisamos estar acessíveis 24 horas por dia. Verifique o que realmente é necessário pra você e foque nisso;
4. Instagram
Aqui talvez foi a rede social onde achei mais fácil aplicar o Minimalismo. Deixei de seguir lojas, afinal, agora eu valorizo compras conscientes e planejadas.
Não fico mais procurando aleatoriamente coisas para comprar. Deixei de seguir celebridades (na verdade eu nunca segui muitas pessoas famosas). Celebridades têm um padrão de vida muito acima do que a maioria de nós temos. Será se é mesmo necessário e útil saber para onde a atriz X vai passar as férias no próximo verão? Prefiro cortar essa distração e utilizar esse tempo para planejar as minhas férias, por exemplo.
Também deixei de seguir pessoas que eu não conhecia e não tinha mais muito contato. Excluí também vários seguidores do meu perfil pessoal. Eu acho que a era digital desprezou muito o conceito “intimidade”. Eu preferi manter a minha e partilhar um pouco da minha vida apenas com um número limitado de pessoas.
Confesso que exposição, likes e comentários são bem atraentes num primeiro momento, mas depois podem se tornar um vício sem propósito ou uma forma ineficaz de preencher algum vazio.
5. Arquivos digitais
Eu tinha quase 5 mil fotos no meu Google Fotos. Eu precisava mesmo delas? Eu teria mesmo tempo de revê-las? O que fazer com tantos memes e onde eles me levariam? Resultado: apaguei quase 4 mil fotos. Deixei apenas aquelas que eram realmente necessárias e marcavam fases da minha vida ou me traziam boas lembranças (descartando as duplicadas, claro).
Isso também foi aplicado a outros tipos de arquivos. Excluí músicas, textos, planilhas, trabalhos da faculdade que eu concluí há anos, tanto do computador quanto do smartphone. Fiquei apenas com arquivos que realmente me são úteis e que me agradam muito. Também desinstalei doze aplicativos do meu celular.
Ah, e sabe aqueles favoritos que vamos salvando no nosso navegador e nunca mais temos tempo de ler? Excluí. Se fossem tão necessários assim eu teria os visitado mais vezes.
6. Notificações e assinaturas
Cancelei notificações das redes sociais como forma de cortar a distração e cancelei assinaturas em diversos sites. Sabe quando você compra algo pela internet, se cadastra no site e depois fica recebendo inúmeros e-mails informativos com promoções? Isso, além de cansativo, pode ser uma armadilha: você acaba tendo conhecimento de uma promoção legal e no impulso realiza a compra. Mas você estava mesmo precisando daquele item? Cuidado! Comprar algo simplesmente porque está em promoção pode ser a armadilha mais atrativa para adquirirmos o supérfluo em vez do necessário.
Ah, e uma limpeza na caixa de e-mails também vai muito bem! Nada melhor que bater o olho na nossa caixa virtual e só encontrar as informações que realmente nos são úteis.
7. Sentir e viver as situações ao invés de compartilhar
Sabe quando encontramos amigos em um bar, tiramos uma foto (ou várias) e logo depois vamos editá-la para postar? Eu já fiz muito isso. Hoje eu me policio, procuro viver aquele momento antes de mais nada. Infelizmente, o mundo moderno e tecnológico nos leva a inverter a lógica: primeiro poste, depois acompanhe as curtidas e comentários e só mais tarde sinta aquele momento de fato (isto quando ele chega a ser mesmo sentido).
O Minimalismo busca focar no essencial. O que seria mais importante: o resto do mundo saber o que estamos fazendo ou nós fazermos algo sem a preocupação de que o resto do mundo saiba? Um exemplo triste disso foi uma situação que vivi recentemente quando uma amiga postou que a minha mãe tinha falecido antes mesmo de ela falecer. Não foi um mal entendido porque minutos antes da sua publicação, essa amiga estava no quarto juntamente comigo e com a minha mãe, que ainda respirava e tinha todos os sinais vitais estáveis.
Assim que essa conhecida chegou na casa dela, ela postou sobre o luto e noticiou a morte de uma pessoa que estava viva.
Consequência disso?
O celular da minha mãe começou a tocar incessantemente, pessoas começaram a nos procurar e mandar perguntas e mensagens de solidariedade. E eu, além de tensa pelo momento que eu estava vivendo e que foi o mais difícil da minha vida, passei a ter a preocupação “Minha mãe sobrevivendo, como eu vou explicar isso a ela?“. Pior de tudo foi que meus familiares informaram à responsável pela publicação que a minha mãe estava viva e precisando de oração e ainda assim essa pessoa não excluiu a postagem.
Horas depois, a minha mãe de fato faleceu. Mas meus últimos momentos com ela foram ainda mais angustiantes devido a uma publicação precipitada. Que tempos são esses onde nos preocupamos mais com o que é relatado e mostrado nas redes sociais do que com o que é realmente vivido? Eu não vou ficar atirando pedras porque acho que todos nós temos teto de vidro. Mas tomei a decisão de viver a minha vida ao invés de priorizar postá-la.
Como já dito no texto passado, o Minimalismo é um processo.
Com o tempo vamos percebendo mais coisas e situações que não nos são essenciais para podermos então descartá-las. O mundo digital invadiu as nossas vidas sem bater à porta. Nos trouxe benefícios e como não poderia deixar de ser, malefícios. É como uma espécie de televisão que está a todo tempo ligada, nos acompanhando por onde formos, zumbindo em nossos ouvidos, capturando a atenção das nossas vistas. A questão é assumirmos o controle e a decisão do que vai consumir o nosso tempo; é nos colocarmos como um agente ativo e não como seres passivos, dominados pela mundo virtual. Somos seres de carne, osso e emoções.
A vida tem que ser muito mais do que a tela de um telefone.
Imagem: Reprodução/Black Mirror – Nosedive
E o que vocês responderiam a essa pergunta aqui abaixo, feita por uma de nossas usuárias do Clube Superela?