O PODER DE UM SORRISO
Vou te contar um segredo. Aconteceu comigo, mas não conte pra ninguém. Depois de ler, rasgue essa carta em pedacinhos bem pequenos e guarde na memória apenas as partes boas da nossa conversa.
Um dia, há alguns anos atrás, eu acordei toda errada. Estava de mau humor, brava, irritada. Perdi a paciência com minha filha pequena antes das 8h da manhã e – é com muita pena que digo isso – estava cheia de rancor no coração.
Foi detestável.
Saí correndo de casa pra que não acontecessem outras besteiras e larguei todo mundo pra trás. E, então, enquanto dirigia, comecei a me sentir a pior das pessoas. Estava cheia de culpa e vergonha. Começou a me dar uma saudade enorme dos meus filhos. Naquela época eles ainda eram pequenos e tive vontade de ter tempo pra aproveitá-los mais, pra construir sonhos com eles, dar-lhes mais atenção e fazê-los sentir-se felizes, queridos e amados. Queria poder participar mais de suas vidinhas, saber coisas sobre eles, balançar na rede, sentar no chão pra desenhar e cantar, abraça-los, beijá-los e respirar o cheirinho gostoso que eles têm.
E, então, duvidei de mim. Será que eu sou uma boa mãe, que acolhe e abraça? Será que eles vão gostar de mim quando crescerem? O que será que eles pensam sobre mim e essa vida estressante que levamos?
PARTICIPE: Não sei lidar com mudanças…
PARTICIPE: Alguem conhece algum site ou app, para ler livros?
E foi com tudo isso em mim que cheguei aí na sua casa. Foi me sentindo pequena e sem graça que sentei pra te ajudar a dobrar os poemas de uma pessoa tão imensa e interessante.
Enquanto dobrava cada folhinha, me lamentava pensando na minha avó que, aos meus olhos, tinha tido uma vida cheia de flores. Pensava que seria tão bom se eu fosse como ela, sempre feliz, com bastante tempo para as coisas importantes da vida, vivendo de amor, por amor e para o amor somente.
Estava assim perdida nesses pensamentos quando esbarrei e derrubei alguma coisa que estava sobre a mesa ao meu lado.
Era ela, a avozinha tão querida, me olhando e sorrindo de uma foto em um porta-retratos.
Fiquei perdida no tempo, contemplando seu sorriso doce e os olhos de quem já olhou o filme da vida do começo ao fim. Mas a surpresa maior veio depois, quando ergui a foto e dei de olhos em um papelzinho antigo e amarelado, colado atrás do porta-retratos, com uma mensagem escrita à mão, quase apagada, que dizia assim: meu filho, em dificuldades, olhe o sorriso da mamãe. Eu também tive horas difíceis.
Então, entendi. Entendi que estava tudo bem.
Não, eu não sou um monstro horroroso e malvado só porque tenho alguns momentos ruins em uns dias quaisquer. Não sou carrasca e não tenho que me culpar por não ser perfeita e ideal em todas as horas. Percebi que a beleza da vida está em aprender a transpor os espinhos que acompanham as flores do jardim e fazer com elas um imenso ramalhete.
Que as pessoas que parecem tão bem resolvidas, alegres e suaves, são assim porque já aprenderam a lição e não porque não têm dificuldades.
Apesar do coração um pouco apertado ainda, aquelas palavras me fizeram reencontrar o caminho de volta pra casa, agora menos arredia e mais mansinha.
E escrevo essa carta pra você hoje pra dizer a mesma coisa que minha avó disse ao meu pai: em dificuldades, olhe o sorriso da sua mãe. Ela também teve horas difíceis.
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