Método Billings: como o muco cervical pode ser o melhor anticoncepcional para você

De todos os métodos contraceptivos, a pílula e o DIU são os mais famosos, sem sombra de dúvidas. Dentre tantos receios de engravidar fora da hora, é normal também que nós optemos por anticoncepcionais que sejam mais tradicionais e bastante eficazes. Porém, existe um método totalmente natural que promete uma eficácia de quase 100%: o método Billings.
Quem não conhece o método Billings precisa saber, antes de mais nada, que ele depende inteiramente do autoconhecimento: é uma forma contraceptiva que demanda observação do próprio corpo e conhecimento do seu ciclo. Ele é não invasivo e não-medicamentoso – isso significa que você não precisa tomar medicamentos manipulados ou encontrados na farmácia e, por consequência, não tem efeitos colaterais. Além disso, ele é altamente acessível e é válido para qualquer fase da vida.
Afinal, como funciona o método Billings?
Nós já falamos aqui sobre o muco cervical, e ele tem um papel importantíssimo nesse método. O muco cervical é um dos pontos de observação que indicam exatamente onde você está no seu ciclo menstrual e se você está mais próxima ou distante da ovulação. Esses tipos de muco estão totalmente ligados quantidade de estrogênio, o hormônio produzido pelos ovários, no corpo durante o mês e saber identificar o tipo de mucosa liberada é o primeiro passo para colocar o método em prática:
Muco pós-menstruação: até 5 dias depois da sua menstruação, você pode notar um tipo de muco esbranquiçado e sem elasticidade, quase como uma pasta. Isso indica que você está no período infértil e, portanto, não existem chances de gravidez.
Muco fase transitória: em seguida, o muco muda de consistência, indicando o começo do período mais fértil do seu ciclo. Ele fica mais leitoso e pegajoso. Aqui, o risco de gravidez é maior e é melhor manter o uso da camisinha durante as relações sexuais.
Dia fértil: quando o muco está muito elástico e escorregadio, lembrando quase uma gelatina, você está no seu dia mais fértil, o dia da ovulação. Ou seja, quem pensa em gravidar sabe que esse é o momento mais importante para tentar conceber um bebê.
É importante lembrar que, em ciclos regulares, a ovulação acontece no dia do pico de fertilidade, quando o muco está altamente gelatinoso e elástico, com uma margem de erro de até 2 dias. O óvulo vive até 24h dentro do corpo feminino e, após esses 3 dias, o seu ovário restabelece o muco que fecha o colo do cérvix e o seu período fértil chega ao fim.
Por isso mesmo, é comum muitos médicos defenderem a abstinência por pelo menos um mês para mulheres que querem adotar o método Billings. É um mínimo de tempo para você começar a prestar atenção no seu corpo e na sua mucosa e não se deixar confundir pela lubrificação natural do corpo, que surge quando você está excitada ou prestes a transar com alguém.
Além disso, é importante anotar cada variação do seu corpo diariamente para saber por qual período você está passando. Anotar a consistência do muco, se ele é visível ou não, se você sente a sua vagina seca (período não fértil) ou molhada (período fértil), se você teve relações sexuais e se teve algum tipo de sangramento ou se, claro, está menstruada, também faz parte desse sistema anticoncepcional. No começo, pode ser difícil prestar atenção em cada pequeno sinal que o seu corpo emite, mas é apenas uma fase de adaptação: depois de um tempo, fica muito mais fácil você notar em que momento do mês está e seguir os mandamentos do método.
Os 4 mandamentos do método Billings
O método Billings segue alguns mandamentos básicos para todas as usuárias, uma forma de você ter mais eficácia e controle sobre o momento em que o seu corpo está no ciclo menstrual. Estudar o assunto é essencial para você saber mais sobre esses sinais e até para saber também como identificar o período a partir da aparência da sua vagina: se ela está mais inchada (período fértil) ou não. Até mesmo por isso, é indicado que as mulheres que querem adotar o método façam um curso (pelo menos um dia) para aprender mais sobre o procedimento e conversarem com um ginecologista para saber se ele é, de fato, o melhor para o seu caso.
Dito isso, vamos aos mandamentos do método Billings:
1.Você não deve transar durante o período menstrual
Como esse é um método que depende inteiramente da observação do muco cervical, durante a menstruação fica mais difícil saber em qual momento você está, já que o sangue pode mascarar a mucosa. Isso significa que você pode ficar fértil e não perceber.
2.Você pode transar em noites alternadas durante o período infértil pré-ovulação
A questão das noites alternadas é que você, após a relação sexual, você pode sentir a vulva inchada e ter algum tipo de secreção e é importante ficar de olho para garantir que essa secreção em nada tema ver com a produção de muco cervical. É uma forma de você garantir também que o muco não mudou de um dia para o outro e acabar tomando um susto e se sentir perdida no seu próprio ciclo.
3.Se houver alteração no muco, espere
A observação é o mais importante nesse método, por isso, se você perceber uma alteração no muco cervical, o ideal é esperar alguns dias antes de ter relações sexuais novamente. Preste atenção se ele fica mais elástico com o passar dos dias (uma indicação da fertilidade) e na sensação de liquidez na vagina. Caso tudo isso aconteça e você chegue no pico de fertilidade, aplique a regra dos 3 dias listada anteriormente (do tempo que o óvulo fica no corpo) e volte para o mandamento 2.
4.Transe à vontade depois do 4 dia após o dia mais fértil
Esperar esses 4 dias garante que o óvulo saiu do ovário, teve o seu período de vida dentro do corpo e morreu, e as suas chances de engravidar também. A partir daí, você pode ter relações o quanto quiser sem preocupar, já que estará infértil por, pelo menos, 10 dias.
Resumindo…
Pode parecer muito complicado adotar um método como esse, mas ele é algo natural do seu corpo. Estudar bastante e conversar com profissionais a respeito é essencial para você não fica com nenhuma dúvida. Ah, e vale o alerta: esse é um método colaborativo, ou seja, você e o seu parceiro estão envolvidos nesse controle e usar a camisinha é obrigatório para evitar a transmissão de doenças, ok?
Imagem: Reprodução/Revista Crescer