Você se sente desconectada de tudo? Veja 4 passos para se reconectar
Você se sente às vezes confusa em relação ao mundo, frustrada, e até mesmo desesperada? Então tenho uma boa e uma má notícia para você.
A má notícia é que realmente tem muita gente se sentindo assim… eu mesmo várias vezes sinto essas sensações.
Mas a boa notícia é que isso quer dizer que somos pessoas sãs e conscientes e que ainda temos uma chance de reverter essa situação, exatamente porque nos permitimos sentir o desconforto!
Como assim? Vou explicar…
Essa sensação ruim que hoje toma conta de muita gente vem do que Joanna Macy, Chris Johnstone e Johann Hari falam em seus respectivos livros “Esperança Ativa” e “Lost Connections”: isso não se trata de uma questão individual, mas é um problema da nossa sociedade atual.
O fato é que estamos muito desconectados como sociedade: de nós mesmos, dos outros e da natureza.
Por isso, neste post eu vou esclarecer porque estamos neste estado e mostrar como podemos mudá-lo, transformando-o em poder, seguindo 4 simples passos.
Conexões perdidas
Johann Hari é um escritor que passou muitos anos deprimido. Em seu livro “Lost Connections” (conexões perdidas), ele fez uma extensa pesquisa para tentar entender as causas da depressão.

A grande descoberta dele foi que, ao contrário do que ele pensava, a depressão NÃO é majoritariamente um problema individual. Ele concluiu que ela é muito mais um problema causado pelas condições da nossa sociedade atual.
Ele argumenta que hoje mais do que nunca os índices de depressão e ansiedade só crescem porque a nossa sociedade tem valores e crenças que nos desconectaram das necessidades básicas da natureza humana.
Para Hari, os melhores remédios para a depressão seriam:
- Uma sociedade que se preocupa com que todos se sintam parte importante dela, respeitados, reconhecidos, suportados por ela.
- Uma sociedade que priorize valores humanos elevados e significativos, a fraternidade entre as pessoas, a reconexão com o mundo natural, ao invés de valorizar o acúmulo de dinheiro e de coisas.
Segundo o autor, essas medidas seriam eficazes para a depressão porque elas agiriam sobre as suas principais causas.
Já os anti-depressivos aliviam somente os sintomas, sem eliminar o problema.
Mundo na polaridade materialista
Hoje vivemos um mundo polarizado no materialismo, na aparência, na superficialidade, nos valores que não satisfazem o profundo de nossas almas.
Richard Rohr, escritor e frade franciscano, conduz grupos de pessoas para retiros onde eles se elevam espiritualmente. Ele conta que depois dos retiros, as pessoas sofrem um choque ao voltar para suas rotinas. Ele conclui que:
“É muito difícil curar as pessoas numa cultura doentia e não curada. Ao enviá-las de volta para as incoerências do nosso sistema (…) se desfaz qualquer momento de sanidade, qualquer momento de verdade e liberdade que você possa ter oferecido àquela pessoa.”
Richard Rohr
Não é um problema individual, mas social
Como explicam Joanna Macy e Chris Johnstone em “Esperança Ativa”, o pior de tudo é que nos fazem acreditar que essa nossa confusão, frustração e desespero (pra não falar das outras formas mais graves como depressão e suicídio), são dores que exprimem um problema individual.
Os autores concordam com Hari e Rohr, afirmando que isso não é um problema individual, mas sim resultado de uma sociedade doente.
Sintomas de uma Terra que está sofrendo porque nós estamos muito desconectados à ela. Não cultivamos mais uma relação de afeto e sacralidade, nem com nós, nem com os outros e nem com o mundo.
Não damos quase ouvidos ao que tem coração e significado, pois acabamos dando mais ouvidos ao nosso egoísmo, à ganância e à ambição.
Não porque somos pessoas ruins, mas porque é o que o sistema prepondera. Ele estimula esses valores, e se não os seguimos, temos a sensação de ficar para trás, e temos medo das consequências.
Honrar a própria dor
Por isso Joanna Macy diz que honrar a própria dor é a maior subversão à sociedade do progresso.
Neste sistema, nossos sentimentos difíceis são vistos como uma fraqueza, e temos vergonha deles. Temos que nos virar sozinhos para tentar resolve-los, pois a nossa sociedade os trata como algo somente individual, separado do sistema.
Isso nos deixa muito obedientes, silenciosos e sobretudo, vulneráveis, desacreditados e deprimidos.
É muito mais fácil gerir uma população que tem medo de exprimir suas dores, que se sente isolada, inferior, enfraquecida e intimidada, do que aqueles que acordam para o que a vida os está chamando.
Por isso que a coisa mais subversiva é nos voltar para o próprio desespero, e encara-lo de frente. Consciente de que ele é só uma dor que vai passar e ir embora.
Ao acolher a dor com gratidão, ao reconhecer que estamos sofrendo, e que algo precisa mudar, a dor se transforma em FORÇA!
Nos mostra que está no momento de deixar de ser subserviente, de sofrer em solidão, de ter a coragem de ir atrás de uma mudança.
Então, vamos ver como?
4 passos simples para se reconectar
1. Meditar
As sensações de confusão, de frustração e desespero não são nada propícias para se tomar ações práticas. É necessário primeiro mudar o estado interior, se acalmar. A meditação é um ótimo processo para retomar o contato com a parte sã de si mesmo.
Ela abre um espaço para que a mente mude o foco. E você passa a notar a sua calma interior. Assim você entra num estado propício para encontrar soluções e para tomar as ações certas (deixo a dica de meditação para esvaziar pensamentos neste link).

2. Conexão Interior
Descobrir quem você é: com a mente calma você terá maior clareza para ver quais coisas tem verdadeiro significado para você. Agora é o momento de se perguntar que coisas te fazem bem, sobre quais coisas você gostaria de atuar, de se dedicar. Que coisas fazem cantar seu coração? E também reconheça quais os valores você acredita e quer defender.
3. Conexão Exterior
Agora que você sabe o que tem coração e significado para você, é hora de se ligar às pessoas que compartilham a sua visão para juntos atuarem com benevolência. Procure encontrar quem você admira e valoriza, mesmo que não sejam pessoas próximas. Podem ser autores, pensadores, etc, que contribuam para que seus valores ganhem força. E dentre as pessoas próximas, conecte-se àquelas que te querem bem. Não perca seu tempo com pessoas que não te valorizam ou te fazem sofrer.
Uma coisa muito importante ao se relacionar é atuar sobre o que se fala, ou seja, manter a palavra. Ter coerência entre palavra e ação é fundamental para se construir relações de qualidade. Outra coisa importante é realmente se importar com quem você se relaciona. Isso é possível quando ouvimos com atenção o que o outro diz, quando ajudamos sem querer nada em troca, quando somos gentis, amorosos e generosos.
4. Conexão com a Natureza
Enfim, se render à Deusa Natureza. Ou seja, acreditar que existe uma força maior que te criou e que pode te ajudar, que quer que você e o mundo vibrem e sejam esplendentes. Que apoia as coisas que tem coração e significado. Acredite nesta força que permeia todo o universo. Ela está com você.
Vá na natureza com essa intenção e você vai começar a sentir que pode se conectar com ela, garanto por experiência própria, que você vai se abrir à sacralidade da vida e da natureza. Deixo a dica do teste gratuito que criei que indica o seu grau de conexão com a natureza: “Qual é o Seu Grau de Conexão com a Natureza Interior e Exterior?”

Conclusão
Hoje é mais do que necessário rever os nossos valores, atitudes e crenças, para construir algo novo, sustentável e mais de acordo com o que realmente queremos para nossas vidas.
Os valores com os quais somos bombardeados diariamente pelos comerciais e meios de comunicação são os do consumo, o do individualismo, de um sistema capitalista dominado por uma lógica objetiva.
Eles sufocam a subjectividade, a sensibilidade humana. E o resultado infelizmente são os elevados índices de depressão, desespero, ansiedade, pessoas que recorrem à formas destrutivas para tentar escapar desses sentimentos, como o consumismo, e várias dependências como álcool, comida, droga, sexo, e infelizmente até mesmo suicídio.
Por isso imagino que você, assim como eu, tem uma certa bronca desse sistema que — nas palavras de Marco Aurélio Bilibio — mais parece uma “loucura dita normal”.
Infelizmente não existem respostas prontas nem pílulas mágicas. Vimos que nem mesmo os anti-depressivos resolvem de fato as causas da depressão.
Então, a melhor coisa é olhar para a dor, e resolver agir sobre ela, sem sufocá-la. Agir sobre ela seguindo esses simples passos que aqui sugeri:
- Meditar
- Conexão consigo mesmo
- Conexão significativa com os outros
- Conexão significativa com o mundo
Siga o que para você tem coração e significado, una-se a outras pessoas que podem reforçar essa tendência.
Seja responsável por si mesma. Se precisar de ajuda, procure ajuda. E se conecte de forma significativa com os outros. Isso muda o mundo!
Obrigada!
Isa Gama
PS: E se você quiser saber como está a sua conexão com a natureza de dentro e de fora, faça o teste gratuito: “Qual é o Seu Grau de Conexão com a Natureza Interior e Exterior?”