Os 20 e poucos anos, e a corrida para realizar sonhos
“Nem por você nem por ninguém eu me desfaço dos meus planos, quero saber bem mais que os meus vinte e poucos anos…”, já dizia o Fábio Júnior quando ele ainda tinha vinte e poucos anos. Uma bela reflexão sobre realizar sonhos.
Eu achava graça dessa música quando era adolescente, achava que “bom, é isso mesmo, não tem que abrir mão dos sonhos em prol de ninguém”. Hoje quem está na casa dos vinte e poucos sou eu e, há poucos dias, tive que dizer para a eu de 24 que ela não ia atrapalhar os planos da Bárbara criança, nem da Bárbara adolescente, afinal elas ainda vivem aqui dentro de mim.
Vou realizar sonhos. Os delas, e os meus.
Eu nasci no fim da década de 90. Como você já pode ter deduzido através da matemática básica, eu cresci num mundo em que já existia internet, muito bem, obrigada; na verdade, não era tão bem assim. A internet era incipiente, pra dizer o mínimo. Assim, cresci em meio a livros, vídeos cassetes, CDs, DVDs e revistas teen… Nossa! As revistas teen (nem adianta ficar olhando pro texto com essa cara, porque eu tenho certeza que, se você abriu esse link por conta própria, é porque também é dessa época).
Na minha adolescência, quando o acesso à internet começou a ser melhor, aquelas colunistas e escritoras incríveis que faziam textos para as maravilhosas revistas adolescentes, migraram para o universo dos blogs. E adivinha??? Eu estava lá também!
Comecei a devorar blogs como se não houvesse amanhã, até me arrisquei a escrever alguns (sendo bem honesta, ainda me arrisco vez ou outra). E, como eu amava ler e escrever, tudo ficou claro e óbvio: eu PRECISAVA cursar Letras! Era o curso que unia minhas maiores paixões, certo? Certo! Me graduando em Letras, eu trabalharia não só com livros, mas também poderia começar a me dedicar profissionalmente à escrita!
Passei no vestibular e a faculdade foi tudo aquilo que disseram!
Nãããão, pera aí! Se você está imaginando um grande cenário de American Pie, você errou feio! Eu sou careta e nerd demais pra isso. Mas foi incrível: no terceiro período eu surtei e quis trocar de curso, logo em seguida mudei de ideia e amei o restante da faculdade (amei tanto que estou aqui, prestes a tirar a minha segunda habilitação em Letras). Li livros, descobri a teoria literária, aprendi idiomas, me vi apaixonada pela educação como nunca e… abandonei a escrita.
É, é isso mesmo que você leu! Eu basicamente passei minha graduação em Letras inteirinha sem escrever um parágrafo sequer que não tenha sido para trabalhos acadêmicos.
A minha literatura? A minha voz interior? Ficaram com Deus.
Me formei na faculdade, comecei a trabalhar, iniciei minha segunda habilitação (que é em Letras – Latim, diga-se de passagem) e estou vivendo a vida que todo recém formado quer, né? Trabalho na área e meu ingresso no mercado de trabalho foi rápido (6 meses, para ser mais exata)… O problema é que, pra isso, eu me desfiz dos meus planos (Fábio Jr., corre aqui!).
Só que os últimos dois anos foram uma droga. Profissionalmente não, foi tudo muito bem até! Mas… o mundo vivendo uma pandemia, pessoas morrendo, desemprego e índices de fome em alta, trabalhos sendo movidos para dentro de casa, entes queridos sendo perdidos.
Isso tudo começou a gritar dentro do meu peito.
Eu parecia plena e calma. Porém, o grito era ensurdecedor. E voltei a colocar no papel, no editor de textos e nas redes sociais tudo aquilo que eu sentia. Depois de meses fazendo isso, eu me lembrei. Me lembrei da Bárbara de 14 anos que escrevia no Tumblr e que sonhava em falar pro mundo sobres seus medos, suas alegrias, suas dores e suas reflexões.
Lembrei da Bárbara que queria compartilhar suas experiências com outras pessoas para que elas não se sentissem tão sozinhas – ela mesma inclusive. E isso começou a me mover. Não necessariamente o impulso por falar demais (ele também, é claro), mas os meus sonhos. Não tô dizendo que vou largar tudo e viajar o mundo em busca do “autoconhecimento”, até porque eu mal tenho grana pra ir na esquina.
O que eu tô dizendo é que não vou mais abrir mão dos meus sonhos, mesmo que, para colocá-los em prática, eu precise dar passinhos de formiguinha. E você também não deveria. Eu tenho certeza que aí dentro de você reside um sonho que foi jogado para escanteio porque a vida está corrida e cheia demais.
O problema é que agora parece que a gente também tem vida demais.
No entanto, na real, não temos, não. E vou te dizer uma coisa: dá para correr atrás dos seus sonhos sem abrir mão da realidade. Coloca o pé no chão, respira fundo, olha pro horizonte que está bem na frente do seu nariz, vê qual o passo que você consegue dar e dá!
Não precisa dar um passo maior que a perna, mas vai! Não precisa largar o emprego de carteira assinada e ir pra Bangladesh visitar um templo hindu. Você pode, de forma leve e calma, (re)descobrir por conta própria qual é o seu sonho e o que é possível fazer para torná-lo realidade. Eu disse que o meu era escrever profissionalmente… Bom, cá estou, me aventurando como colunista numa revista online.
Espero que você consiga se aventurar e realizar sonhos também!
Com carinho,
B.