Relacionamento monótono: o que fazer?
As mudanças de comportamento, ao longo dos tempos, são palco de melhorias significativas para as mulheres. Ainda é necessário fazermos sentir a nossa voz, pelos direitos principalmente em muitas áreas como trabalho, justiça e igualdade.
E nos relacionamentos? Como as pressões ocorrem e como nossas emoções podem ser afetadas?
Já pensou sobre isso? Ainda existem cobranças familiares e às vezes de amigos sobre relacionamentos e os chamados passos seguintes que se espera que um casal dê.
Aquela velha opinião de que devem acontecer em etapas, uma a uma, como indicativos de progresso e para alguns, sucesso. Mas a vida nunca é monocromática, ou seja, no final das contas a opinião de muitos pode não ser a mesma que a sua. Sua opinião, sim, é válida e necessária. Pois a sua visão de mundo, assim como crenças e valores, somam para o que, para você, é a felicidade.
E felicidade é um somatório, podendo incluir relacionamentos e suas etapas, como noivado, casamento, filhos… ou não. E, seja como for, o que importa é o que funciona para você, pois as escolhas sentimentais devem vir de dentro, da sua realidade, e não de expectativas de outros.
Pensei sobre isso ao assistir à minissérie da Netflix, Sex/Life.
Vou procurar não dar spoilers, caso não tenha assistido. Resumidamente, a minissérie mostra uma mulher que casada e com filhos, que passa a questionar seus sentimentos.
Não é a primeira vez que temos obras neste sentido, há inúmeras outras que mostraram as mulheres se questionando sobre suas relações chamadas estáveis. Ou, em outras palavras, seus relacionamentos monótonos.
No caso de Sex/Life, a então pacata dona de casa passa a se lembrar dos tempos em que era solteira. Da liberdade que tinha, da emoção que sentia com um ex-namorado nada típico. Bom, o ex não era o modelo ideal, daqueles que recebem o título “bom para casar”. Afinal, era avesso ao compromisso, para início de conversa. Mas havia química.
Ela, então, o reencontra.
Isso reacende a memória do passado como um todo, chocando com a realidade do dia a dia de esposa e mãe em tempo integral. Aliás, reforço que não tenho nada contra quem faz esta escolha. De novo, o que importa é escolher o que se quer para a vida. Porém, este é o mote da série: a provocação da observação de uma personagem e seus dilemas, que podem ocorrer à certa altura da vida, principalmente quanto se passa por um relacionamento monótono. Ou desgastado.
A verdade é que os relacionamentos têm altos e baixos.
A tendência à monotonia, com o passar dos anos, é real. Especialmente quando se tem a impressão de que tudo está igual. Sem o mesmo fogo dos anos iniciais. E aí, a mulher se sente ainda viva, com desejos de se sentir amada e abertura para experiências sexuais ardentes. Inclusive, ela tenta isso com o marido no transcorrer da minissérie.
Ela fica entre as emoções e intensidade que tinha. Tenho que revelar esta parte, então, aviso de spoiler: ela passa novamente a ter relações com o ex. E, ainda, a segurança e tranquilidade que vive com o marido, o qual ela diz ser perfeito. Ou seja, exatamente em acordo com o que na sociedade temos como modelo de perfeição.
Mas como perfeição não existe 100%, eis o dilema. E este dilema pode acontecer com qualquer mulher. Confesso que me identifiquei com a personagem. Estarmos num relacionamento não significa que não tenhamos mais desejos. Não significa que parte de nós tem que ser anulada ou recalcada.
A importância da comunicação em um relacionamento monótono
O dia a dia pode atrapalhar. Porém, será que se nos abrirmos sobre nossos desejos, comunicando nossas preferências sexuais ou não, seria melhor? Acredito que sim. E sexo não tem idade, faz parte da vida, conquanto o desejo exista. Além disso, os homens precisam saber que não são apenas eles que têm vontades. A mulher também tem, e muita. Se ambos têm, então é hora de mexer na monotonia. Assim, não se fica apenas com lembranças de um passado bom ou de vontades não realizadas.
Ousar a dois pode ser uma experiência incrível para um relacionamento monótono!
Nós, mulheres, podemos querer sim seguir a chamada tradição nos relacionamentos ou não. Contudo, merecemos qualidade nas decisões que tomamos. É isso que importa.
Se há um relacionamento, tradicional ou não, as vontades não precisam ser deixadas de lado, mas podem fazer parte da própria relação.
Tudo se inicia com a comunicação. Se achar que este pode ser um bom caminho, que o desejo necessita ser restaurado e as vontades gritam em você, abra-se ao invés de sentir carência. Em um relacionamento sadio, há sempre espaço para a comunicação. O que você escolher já é com você. Afinal, cada pessoa é única.
Enfim, se há chama acesa em um relacionamento monótono, ajuste os ponteiros. Combine com seu par seus limites e ideias. E, assim, vocês estarão prontos para virar a página daquilo que pode estar faltando na relação.
Imagem de capa: reprodução