Sexo forte, educação frágil: o que ensinam a meninos e meninas
Mulheres são fracas, homens são fortes. Mulheres são emotivas, homens são racionais. Afirmações como essas nada mais são do que a velha mania de estabelecer padrões e papéis sociais. O que queremos saber é: quem foi que, no teatro da vida, deu à mulher o papel de sexo frágil e quando é que começamos a interpretá-lo?
Na condição de mulheres essas são perguntas que não podemos perder de vista. Não dá pra afirmar que a mulher nasce mais frágil do que o homem. Em condições normais de gestação e parto nenhuma menina nasce mais frágil ou precisando de mais cuidados que qualquer menino. Choramos quando estamos com fome independentemente do sexo, sorrimos com o que nos diverte, precisamos ter fraldas trocadas. Não há qualquer diferença que justifique a afirmação de que mulheres são mais frágeis que homens.
O que acontece é que a ideia incutida na sociedade de que mulher é o sexo frágil vai sendo reproduzida na maneira como tratamos e educamos as meninas e meninos. Não só assim. Muitas mulheres, por terem recebido essa educação, se comportam como se fossem mais frágeis. Elas acreditam nisso! Resultado: as meninas crescem acreditando que precisam ser mais cuidadas e preservadas que meninos. E mais do que isso: crescem reproduzindo o modelo de comportamento das mulheres que serviram de referencia para elas: mães, irmãs, tias, avós.
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Quem cresceu em família com irmãos do sexo oposto sabe disso melhor do que ninguém. As diferenças de criação são, na maioria das famílias, evidentes. Enquanto as meninas são criadas numa bolha de quem deve brincar em casa para não se machucar, só pode brincar na rua se o irmão (mesmo mais novo) for junto para protegê-la, deve evitar atividades que ponham em risco sua integridade física como correr, pular muros, jogar bola, os meninos são estimulados a fazer tudo ao contrário.
Estimulamos os garotos a desenvolver autonomia e responsabilidades desde muito cedo. Os desafios das brincadeiras de rua ensinam a eles a analisar estrategicamente as circunstâncias, avaliar riscos e tomar decisões. Os meninos têm a oportunidade de aprender a assumir riscos e enfrentar seus medos. Eles aprendem a cair, levantar e seguir em frente. O papel de quem deve proteger a irmã ensina a ele sobre estar no controle da situação e ter responsabilidades. Os aprendizados da infância motora e livre são tantos que é difícil enumerar.
Enquanto isso, as meninas são privadas de todos estes aprendizados. Permanecem, em geral, em casa ou em atividades que envolvam poucos riscos. Aprendem que devem se preservar ao máximo. Acostumam-se a ter sempre alguém para decidir por elas o que elas podem ou não fazer. Não se desfiam, não enfrentam seus medos. São protegidas dos riscos e das tomadas de decisão e, assim, crescem sem saber como lidar com isso.
E como não falar do aspecto emocional? A super valorização das manifestações emotivas das meninas reforça nelas esse tipo de comportamento. Enquanto os meninos são incentivados a bloquear as emoções, tratá-las como se nada fossem, com as meninas qualquer lágrima é acolhida como se fosse o fim do mundo. Assim, os meninos não são ensinados a lidar com suas emoções e as meninas não são ensinadas a tomar atitudes frente a elas.
Está tudo errado! O resultado, na vida adulta, dessa educação débil que recebemos é trágico! Um número enorme de mulheres que não conseguem tomar decisões e assumir riscos. Querem uma vida cheia de certezas. Vivem mergulhadas no universo sentimental e completamente inertes diante das suas emoções. Paralisadas por elas. Mulheres que vivem buscando um “porto seguro” nos homens, uma perspectiva de não terem que decidir sozinhas o rumo das suas vidas. Elas querem a segurança e a proteção da figura que foram ensinadas que é a preparada para protegê-las e decidir o que é bom ou não para elas.
Por outro lado, temos homens que não sabem lidar com suas emoções. Vivem implodindo na tentativa de bloquear a presença dos não autorizados sentimentos. Não sabem estar fora do papel de quem controla a situação e, mais ainda, não sabem e não aceitam dividir responsabilidades. Sentem-se humilhados se suas mulheres ganham mais ou se ficam desempregados e precisam ser sustentados por elas por algum tempo, se não podem pagar a conta do bar ou do motel sozinhos e por aí vai.
Mulheres não são mais frágeis que homens!!! Nós somos treinadas para sermos assim! Nascemos como uma página em branco. Quem determinará a maneira como lidaremos com a vida será a educação que recebemos. Por isso, papai, mamãe, titios….não tratem suas meninas com mais cuidado do que tratam seus meninos. Não digam a elas que “isso é brincadeira de meninos e você pode se machucar”! Os meninos também se machucam e nem por isso deixam de crescer fortes e saudáveis. Deem iguais oportunidades para que suas crianças se desenvolvam social e psicologicamente. A educação que super protege é a mesma que anula e imobiliza diante da vida.
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Moças, lembrem-se que vocês são exemplo! São a referência das garotas com quem vocês convivem. Se você quer ver futuras gerações de mulheres fortes, independentes e autônomas vocês precisam ser essa mulher! Na vida o lema do “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” não cola!
Sexo frágil é todo aquele que é ensinado a sê-lo! Mulher não é o sexo frágil. Frágil é a educação que você perpetua!
Imagem: Pinterest
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