Sobre ansiedade: o vício de pensar demais e a saúde emocional dos jovens
Segundo pesquisa realizada pela Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) em 2021, seis a cada dez jovens de 15 a 29 anos relatam casos de ansiedade como a perda do sono, preocupação excessiva com o futuro, pânico social, entre outros fatores. Isso ocorre de certa forma por conta da alta cobrança que a juventude recebe da sociedade para alcançar fatores de sucesso econômico, social ou ambiental de um grupo.
A Psicologa comportamental Amanda Moraes (45) conta que com o grande número de informações a que temos acesso, aumentam também os casos de ansiedade e depressão em relação à qualidade de vida ou ao futuro. “Os jovens estão cada dia mais sendo cobrados por questões que não fazem mais parte da nossa realidade. Alguém pode virar para um jovem e falar que na idade dele estava morando sozinho e se mantendo economicamente, porém questões como emprego e distribuição de renda não são iguais há 30 anos”.
Isso faz com que o jovem sinta a todo momento que está preso a uma corrida para alcançar objetivos impostos que não os inclui mais.

A influenciadora digital Rebeca Alves (22) conta como foi seguir com a carreira “Vi que estava perdendo oportunidades não investindo no digital, então comecei a me dedicar inteiramente as minhas redes. Todos sabem que isso é um processo e fiquei 1 ano e meio até começar a fechar parcerias com retorno financeiro, e nesse meio tempo era assustador a forma como as pessoas tratavam minhas escolhas como imaturidade”. Rebeca atualmente ganha em média de R$5.000 a R$7.000 reais com patrocínios por mês.
Essa cobrança por resultados e sucesso faz com que o jovem esteja a cada minuto se comparando com resultados de outras pessoas na sua mesma idade, gerando cada vez mais ansiedade.
Outra pesquisa pode ser evidenciada quando falamos sobre o grande impacto social que redes sociais tem na mentalidade do jovem. A pesquisa nacional do instituto Datafolha, em parceria com a Fundação Lemann, o Itaú Social e a Imaginable Futures em 2020, que vinha acompanhando crianças e jovens do ensino público ao longo da isolamento, revelou que falta de motivação, que em maio atingia 46%, chegou a 51% em julho. Os que enfrentam dificuldades para manter a rotina saltaram de 58% para 67%. O percentual dos que estão tristes começou a ser medido em junho, quando chegou a 36%, e passou para 41% em julho. No mesmo período, o de irritados foi de 45% para 48%. Somam 74% os que se sentem tristes, ansiosos ou irritados.
Todos esses dados só reforçam que as doenças mentais então presentes em mais de 50% da população jovem.
A Psicologa comportamental Ana Moraes ainda reforça “Não há uma cura para isso. Enquanto a cobrança por resultados continuar e redes sociais servirem como parâmetro de realidade os casos tendem a agravar”.