Sobre saúde mental: adeus, 2021
Compartilho a minha história para que você possa cuidar da sua SAÚDE MENTAL e prestar atenção aos pequenos detalhes.
Hoje encerra-se o ciclo de 2021 e, sem sombra de dúvidas, foi o ano mais desafiador da minha vida. Jamais esquecerei da terça-feira do dia 05/10/2021, dia em que fui diagnosticada com Síndrome de Burnout com apenas 26 anos de idade.
Minha ficha demorou a cair e eu demorei a acreditar que eu havia me permitido trabalhar ao ponto de ter um esgotamento mental, mas aconteceu.
O home office foi instaurado abruptamente em 16/03/2020, em um período pandêmico cheio de incertezas.
O mundo não sabia o que aconteceria ou quando acabariam a COVID-19. Porém, as empresas precisavam continuar funcionando porque nós, enquanto seres humanos, precisamos do trabalho como meio de sobrevivência. Então, trouxemos os afazeres para dentro dos nossos lares.
Eu tentei entender em que momento ocorreu o ápice do meu Burnout, mas após uma longa análise, percebi que ele é uma doença silenciosa e não irá se manifestar por um dia isolado de stress no trabalho, mas sim pelo conjunto de dias. Indo mais afundo, comecei a revisitar conversas do WhatsApp, de março de 2020 até outubro de 2021, tudo isso para tentar entender.
Observei que na primeira semana de trabalho remoto, já haviam relatos de cansaço, sensação de estar trabalhando o triplo do que em relação ao presencial, horas extras diárias etc. Quanto mais eu lia, mais eu percebia que os relatos eram “comuns”. Não tinha nada de errado em me sentir exausta todos os dias, em me irritar com as demandas diárias, em ter ansiedade pelas pendências.
Não tinha “nada demais”. Porém, minha saúde mental dizia o contrário.
As conversas se repetiam, independentemente do colega de trabalho, a maré estava igual para todos.
No entanto, eu comecei a ter crises de enxaquecas constantes, idas e vindas ao hospital, até que um dia desmaiei de dor na sala de casa. Graças à Deus, meu esposo estava em casa e me levou ao hospital. Desse fato eu tive a certeza de que tinha algo errado comigo. Marquei uma consulta com o neurologista, fiz todos os exames e não havia nada de errado com o meu cérebro. No entanto, devido às constantes crises, iniciei um tratamento medicamentoso que só terá fim em 2022.
Percebi que a minha irritabilidade estava fora do normal e isso estava deixando os meus batimentos cardíacos elevados, mesmo estando em repouso(bendita pulseira inteligente). Marquei uma consulta com um clínico geral e já saí com uma bateria de exames cardíacos para fazer e um encaminhamento para sessões psicológicas.
O médico me informou que provavelmente estivesse com Burnout, mas só um acompanhamento psicológico para fazer tal análise.
Quando escutei isso em junho, não acreditei e pensei que o médico tivesse exagerando. Mas, daí, iniciaram as minhas crises de choro em apenas ligar o computador para trabalhar. Começou a repulsa pelo celular, começou a repulsa pelas constantes reuniões e tudo isso começou a afetar a minha vida pessoal.
Eu comecei a ficar mais introspectiva pelo cansaço. Não tinha energia, nem disposição para conversar com amigos, tendo em vista que passava a maior parte do meu tempo utilizando meu celular para calls. Eu passei a odiar meu celular e qualquer toque ou vibração me cortava a alma.
Por fim, eu me sentia tão sufocada com o meu cantinho de estudos que virou escritório, que mudei de cor e troquei as coisas. Afinal, na minha cabeça eu só estava “enjoada” de ver as coisas do mesmo jeito, mas na verdade eu não suportava mais o escritório.
Eu havia ultrapassado o meu limite, e não havia meditação, mantra ou rotina matinal para me “consertar”.
Tudo isso não é fácil, mas a terapia tem sido fundamental para que eu possa conseguir vencer um dia de cada vez e cuidar da minha saúde mental.
Estou encontrando o meu caminho e apesar de existir medo por não conhecer essa nova rota, ela faz tão sentido pro meu ser que é inevitável não trilhar este caminho da mudança. Eu descobri que na estrada da minha vida não existem rotas finitas, existem destinos que podem ser alterados e não há nenhum problema nisso.

Imagem de capa: via dreamstime