Vamos começar pelo meu prazer…
Iniciei minha vida sexual cedo. Lá pelos 16 anos, já dizia que era ativa sexualmente. Ainda que não o fosse.
A verdade é que ser ativa sexualmente deveria ser, ou pelo menos soar, diferente do que imaginamos: uma pessoa que transa com outra.
Afinal, pode-se transar inúmeras vezes, durante muitos anos e com pessoas diversas e ainda assim não ser ativa. Digo ativa no prazer, na troca, na satisfação, no desejo de repetir.
Me parece muito comum que falemos sobre sexo com nossas amigas, ou ainda em outras rodas. Sexo no casamento, sexo no namoro, sexo na ficada, sexo sem compromisso, sexo grupal. Mas quase nada sabemos sobre prazer – sozinha ou durante o sexo. E menos ainda sobre a escalada até a descoberta real do prazer. Nesse caso, o prazer feminino.
Talvez demore um pouco pra você se reconhecer nessa história, talvez não. É difícil admitir que raramente sentimos prazer, ainda que sejamos sexualmente ativas. Existe um quê de pudor e moral na relação entre a mulher, seu corpo, prazer e o sexo.

Meu primeiro obstáculo foram meus seios.
Inadvertidamente socializada para me recriminar, via neles o motivo perfeito para não aproveitar o momento. O problema é que eles eram muito pequenos, talvez se mais arredondados e volumosos pudesse apreciar melhor quando o clímax chegasse. Passado alguns anos, não tirar o sutiã deixou de ser uma prática comum em minhas relações, parece que havia transposto a barreira dos seios pequenos demais.
Me sentia livre para tirar o sutiã para qualquer um que fosse. Na verdade, mal podia esperar para esfregar na cara alheia meu orgulho por aceitá-los. Mas o prazer ainda não chegara…
Logo encontrei outra pedra no caminho. E meu motivo agora era que tinha mais celulites que o normal, o que inviabilizava qualquer tipo de sexo a meia luz. Me enganava e enganava o outro com os discursos mais escusos – “A luz trazia informalidade, era pouco romântico, prefiro mesmo é o escuro e ponto”.
Já estava tirando o sutiã, o que mais esperavam de mim?
Sexo de manhã? Não, não era pra mim, afinal, como sairia da cama pelada depois do desfecho e desfilaria por aí com meu corpo esburacado?
Só que como tudo na vida, essa pedra também não tardou a parar de apertar o meu calo. De dama do escuro ao sexo no chuveiro em plena luz do dia, transar no claro se tornou meu hobby predileto. Mas o prazer ainda assim não chegara…
Até que comecei a perceber que estava mais preocupada em terminar a transa e garantir que ela tivesse sido gostosa para outro lado, do que com o que de fato importava: a via de mão dupla que deveria ser o prazer. Fazia sexo PARA o outro, nunca COM o outro.
Ainda que de seios à mostra, sem se importar com as celulites (hein, alguém falou celulite?) e luz acesa, faltava alguma coisa…
Por que é que fazia sexo para o outro?
Mesmo que parte disso seja verdadeiro, me safei colocando toda a culpa em meus parceiros. Eram eles quem não sabiam transar com uma mulher. Beijavam rápido demais, com muita língua e no lugar errado. Se precipitavam, lambiam meus tímpanos e apalpavam meus seios (é, aqueles pequenos do início da história) como se fossem dois limões com casca grossa que imploram por muita força se quisessem extrair caldo de dentro.
Até que numa noite fatídica de sexta-feira me perguntaram do que é que eu gostava.
Travei.
Não podia me valer dos seios pequenos, das celulites, da luz ou do parceiro. A verdade é que não sabia. Quero dizer, sabia o que de mais óbvio me agradava e o que de mais óbvio me desagradava, só.
E prazer é jogo de detalhes, nem futebol é só gol.
Como poderia esperar pelo prazer com o outro se faltava uma peça importantíssima: o que faria na falta desse outro?
Decidida, resolvi descobrir.
Não foi fácil, me considero iniciante, ré confessa. Mas o percurso tem sido, no mínimo, revelador.
Te adianto logo que não existe manual ou 5 regrinhas para o (auto) prazer que funcione para todo mundo, mas sei de uma coisa: autoconhecimento é poder. Parece clichê, mas só depois disso é que você vai saber por onde começar e como começar, e uma coisa é certa, a gente só descobre tentando. E tentando muito.
Para não me acusarem de hermética, separei algumas coisas que fiz e que estão sendo imprescindíveis nessa minha jornada de prazer:

- A primeira delas foi notar o que é que me despertava o prazer. Dos três sentidos, qual me deixava no ponto: tato, visão ou audição.
Você pode considerar o modo como você faz tudo, talvez te forneça uma pista, mas caso não, já sabe: tente.
Leitura erótica, filmes picantes, músicas lentas, podcasts sobre história da arte [rs], a lista é gigante. Vá atrás do seu!
- A segunda foi a descoberta dos toys. Troquei o dinheiro daquele livro ou daquele curso vez ou outra para investir em toys – abra sua mente para os mais variados.
Não faltam vídeos no YouTube e resenhas apresentando suas funcionalidades e como utilizá-los. Teste os clitorianos, para penetração ou ponto g. Vamos dar palco para todas as nossas zonas erógenas!
- E terceira, mas não menos importante, use-os sempre que puder. Mas quando digo sempre, é sempre MESMO.
Vendo aquela série; ouvindo aquela música, no sofá, na cama ou no chuveiro; quando estiver cansada ou não tão cansada assim; na frente do espelho ou de frente pro parceir(o/a); em vídeo, foto; em pé ou de quatro. Com ou sem imaginação; com ou sem muito tesão; com ou sem pressa para chegar lá. Deitada numa boa vendo uma resenha sobre o último episódio de Black Mirror ou dentro de uma banheira com uma taça de vinho na mão e sais para banho.
Escolha suas ferramentas e mãos à obra. Daí para identificar o que você gosta de fazer antes ou depois de um (ou vários) orgasmos é um passo de formiguinha.
LEMBRE-SE: se o pudor ou a culpa aparecer, coloque eles de lado só um pouquinho. Ninguém está vendo o que você está fazendo!
Da próxima vez que me perguntarem do que é que eu gosto, sei que encabulada será a última coisa que ficarei. E claro, com tanta informação sobre seu próprio prazer, não faça qualquer sexo. Isso não é um não faça sexo com qualquer um, é um não faça qualquer sexo. Não faça sexo sem antes conversar sobre gostos, o que vale ou não na hora da ação ou sem saber se a pessoa do lado de lá tem culhão para bancar o famigerado dar e receber muito prazer.
Imagem de capa: via phazed
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