Vídeo satiriza o papel coadjuvante – e estereotipado – das mulheres no cinema
Personagens femininas fortes no cinema sempre estiveram em falta. Hollywood, assim como qualquer outra parte da sociedade, representa apenas uma mentalidade muito forte no mundo: que os homens brancos são mais importantes que o restante da população.
Por isso, não é de se admirar que o cinema está repleto de personagens mulheres que servem puramente para dar apoio aos personagens masculinos, protagonista da maioria das histórias.
Com isso em mente, o canal humorístico Nuclear Family criou um vídeo divertido e bastante sarcástico brincando com essa ideia. O vídeo é, na verdade, o trailer de um filme fictício chamado Underwritten Female Character: The Movie (algo como ‘personagem feminina pouco desenvolvida: o filme, em português).
Nas imagens, a jovem Lola leva um pé na bunda do namorado e é sequestrada por um grupo de mulheres que se auto intitulam UFC (Underwritten Female Character) e que vão treinar Lola para se tornar uma personagem mais forte.
https://www.facebook.com/tonelloalan/videos/vb.523983806/10153722247533807/?type=2&theater
Cada uma das mulheres do grupo representam um estereótipo encontrado no cinema: desde a mulher que passou dos 35 e foi esquecida por Hollywood por ser considerada velha demais, até a mulher negra que é usada apenas como um alívio cômico na história e a gostosa que leva o lado ‘sexy’ para o filme.
Lola, no caso, faz o papel da Mulher Ideal Doida e Alternativa, aquela personagem que puramente mostra para o homem como é possível viver feliz e de uma maneira mais leve.
As cenas, claro, são bastante divertidas, mas muito ácidas, já que mexem com um padrão muito vivo e presente no cinema mundial. Os longas-metragens com personagens femininas fortes e que, de alguma maneira, não estão relacionados a um homem são muito raros. Também não é de hoje que além de reclamarem da falta desses papeis, diversas atrizes se manifestam a respeito da diferença de salários em Hollywood.
O vídeo até mesmo cita o famoso Teste de Bechdel, um teste criado para medir a participação feminina em um filme. Qualquer filme só é aprovado nesse teste se ele contar com duas mulheres, que tenham nomes, conversando sobre qualquer assunto que não seja um homem.
O objetivo é justamente criticar a falta de diversidade no cinema, onde penas em torno de 30,9% dos personagens com fala são mulheres. Não à toa, premiações como Oscar tem se tornado o palco de estrelas do cinema para questionarem esses padrões machistas.
Ações como a hashtag #askhermore, que incentiva os jornalistas no tapete vermelho a perguntarem mais para as atrizes do que a marca do vestido que elas estão usando, e o discurso de aceitação de Patricia Arquette, que questionou a disparidade de gêneros no ramo, são apenas um exemplo de como essa luta também é presente no dia a dia dos astros do cinema.
As estatísticas são ainda mais alarmantes quando pensamos em mulheres que também são diretoras de filmes. Nesse caso, apenas 7% dos longas-metragens de maior sucesso no mercado são comandados por mulheres, segundo dados de 2014 angariados em uma pesquisa feita pelo jornal britânico The Guardian.
Ou seja, ainda temos muito a caminhar quando o assunto é a igualdade no mercado de trabalho, e tomara que vídeos como esse chamem cada vez mais a atenção para questões como essa e abram um diálogo – bem-humorado – sobre as mudanças que precisam ser feitas.
Imagem: Pinterest